quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

1 ano de Clichê.

Há um ano, sem nada para fazer e na depressão de fim de ano que insiste em me perturbar, buscava de forma obsessiva alguma coisa para ler nos blogs que seguia. E já sob influência do meu desconcerto mental, pensei: "Por que não eu, escrever um blog?" Resumidamente foi assim que surgiu o Clichê Social.
E no decorrer deste ano, mantive o blog com meus pensamentos mais insanos e opiniões um tanto não agradáveis. Confesso, sou um completo alienado! E para aquele que acompanha o blog não discordará de tal afirmação. E quando me perguntam a origem das loucuras que escrevo, eu respondo: só penso por mim mesmo. E essa simples ideia de "pensar por mim mesmo", que de simples não tem nada, tem sido uma das motivações que me orientaram até então. Obtive, evidentemente, elogios e muitas, mas muitas críticas! E não foram poucas.
E das muitas conclusões que acredito que tenhas sobre mim, leitor, julgo ser uma das primeiras, se não a primeira, a ideia de que não sou íntimo com as palavras. E por esse fato, tem sido um desafio a cada postagem, escrever algo que as pessoas se satisfaçam, que façam valer os minutos de tal leitura. Me lembro que em uma das primeiras postagens, assim como muitas que se sucederam, reescrevi várias linhas e ficava, acredite, horas matutando sobre como você reagiria. Afinal, um do anseios de um blogueiro é que seu blog seja lido, comentado e reconhecido e não apenas visitado. Sonhei um pouco de mais. Claro que não obtive todos esses anseios, mas pude desfrutar de alguns. E em uma das críticas que recebi, que dificilmente esquecerei, pois me renderam vários risos, uma pessoa foi um tanto quanto categórica quando leu uma de minhas postagens: "... mais que menino mais lindo da minha vida...". Pensei comigo: "Ai, se realmente pudesse ver a beleza que se esconde por traz dessas linhas...!" Bem, não quero tornar essa postagem uma comédia, por isso, mudemos de assunto!
Por fim, as postagens, como disse acima, mais que desafiar, elas me provam a quão capaz sou de desenvolver um assunto. Estou muito longe da postagem que se define, por sua qualidade, ser plausível ou perfeita. Isso precisa ser restabelecido em nossas vidas, não que eu seja o exemplo divino de tal afirmação, pelo contrario. Temos de nos provar, ir em busca de respostas, quantificar nossa capacidade. Quão intrigante e maravilhado fico quando ouço uma criança de 7 anos perguntar para seu pai se a lua é feito de queijo. Quão preocupado e atemorizado fico quando ouço um adulto não dar a mínima para uma dúvida, seja ela mais singela ou até mesmo ridícula quando comparada aos mistérios que rodeiam o inconsciente de uma criança de 7 anos acerca da lua. Falo, leitor, que temos que reavivar nosso instinto para a dúvida e para o questionamento das verdades definidas. E é isso que tenho feito até aqui, ao menos espero estar fazendo.
Aos elogios sou grato, por me proporcionem uma boa noite de sono. E as críticas, tenho minha eterna dívida por terem me dado o lisonjeiro de saborear esse banquete que só a descoberta me proporciona. Por que... "Bom mesmo é ir a luta com determinação, abraçar a vida com paixão, perder com classe e vencer com ousadia, porque o mundo pertence a quem se atreve e a vida é muito para ser insignificante".

sábado, 24 de dezembro de 2011

Contradições do Natal.

Pois é, nem o Natal escapou! Por onde olhamos vemos a mão do interesse, a força motriz que nos move. O bônus e ônus. Mas teria interesse o Natal, festa tão pura e ingênua?
Primeiramente a Igreja, em busca da conquista e arrebatamento das almas, meticulosamente apoderou-se das muitas festas pagãs da época, a Saturnália romana e as festas germânicas do Solstício de Inverno, por exemplo. Transformou-as então em uma festa cristã. Logo eles, incansavelmente condenados pela "Santa Igreja", os pagãos. É do frade Johann Tetzel a frase "assim que a moeda cai no cofre cai, a alma do purgatório sai". Não sei não, mas sinto cheiro de interesse! Mas comentários a parte, a Igreja reiniciou assim a História do Natal, dedicando-a originalmente ao nascimento de Cristo. Originalmente!
O tempo passou e junto dele o poder transformador da humanidade alterou o rumo natural das coisas, visando contudo o já citado interesse. Não foi diferente com o advento da industrialização e toda sua prole, na qual o mesmo interesse ainda norteava suas ações. E, assim como a Igreja, os magnatas industriais, visando seu sagrado lucro, usaram o singelo Natal a seu favor. Mas com um detalhe: substituíram o Cristo católico (que mais parece um ator hollywoodiano) pela figura carismática do bom e velho Papai Noel. Por trás da figura ingênua de um velhinho com barba branca, vestes vermelhas e sorriso acolhedor que ganhou rapidamente a simpatia das pessoas (puro marketing), se esconde mais uma vez ele, o interesse pelo polarizador das diferenças sociais, o dinheiro.
Provavelmente está a me chamar de energúmeno, chato ou desprezível por criticar até mesmo ele, o Natal, tempo de paz e amor! Olhe pela sua janela, leitor, mas olhe além do que os olhos lhe proporcionam, ou melhor ainda, saia de sua casa para olhar, para sentir e compreender a realidade. E tenha certeza de que as luzes natalinas, por mais reluzentes e esplendorosas que sejam não são capazes de esconder a escuridão, o vazio e a deterioração de muitas e muitas pessoas desprezadas, descartadas e esquecidas, as legítimas almas dos subúrbios. Mas lembre-se que para enxergá-las deve ir além dos enfeites natalinos, além da árvore de Natal que é o seu reduto, onde se escondem daquilo que denominamos como belo e estético.
Realmente o Natal é contraditório. Crianças dormem felizes na esperança de encontrar seu desejado e merecido presente. Algumas acordam felizes e saltitante. E ai daquelas que acordam e encontram o nada do nada! E além disso são obrigadas a acreditar que ano que vem o bom velhinho se lembrará.
Lembrar, coisa que falta hoje em dia. Nos lembramos que o Natal é tempo de reflexão dos nossos atos, tempo para abrimos mão de nossa frieza as diferenças que nos rodeiam e abraçarmos as pessoas mais próximas, nos contagiarmos com esse espírito, o puro espírito natalino. Blá blá blá. Quem dera todo esse significado do Natal fosse lembrados todos os dias onde prevalece em sua maioria a insensibilidade e o desamor.
Mas chega de lamentações e choradeira. Façamos de 2012 aquilo que a regra nos diz, sejamos bonzinhos com os pais, respeitáveis com os mais velhos, façamos sem rancor as lições de casa e ai, quem sabe, os benevolentes olhos do bom velhinho caiam sobre nossa graça. Olha mais uma vez ele aqui, o interesse: fazer coisas boas para ganhar presente. Pouco de chantagem, não? Dentre essas e outras, afinal, vamos e venhamos, cada um tem o Papai Noel que merece!

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Tamanho não é documento.

Quem disse que tamanho é documento? Prova viva, ou melhor, falecida no último fim de semana é a figura do "Grande Líder" Kim Jong-il. Mitificado pelo seu povo, Kim logo em seu nascimento abalava os pilares históricos. Afinal, não é sempre que alguém nasce marcado por um "duplo arco-íris e uma estrela brilhante no céu". Ironias à parte, a estapafúrdia comoção da morte do líder norte-coreano por parte da população é questionável.
Como em muitos momentos históricos, o culto a personalidade mostro-se ser uma arma poderosa e eficaz no controle populacional. O líder perfeito, justo e até mesmo divino de tempos em tempos dão as caras aqui ou ali. São muitos os exemplos que eu poderia citar da onda Nacionalista do século passado, entre eles, a figura carimbada de Adolf Hitler que usou maciçamente a propaganda para manifestar sua ideologia. O culto era tanto ao Führer que horas antes da queda de Berlim, Josef Goebbels, Ministro da Propaganda Nazista de Hitler junto com sua mulher, Magda, mataram seus seis filhos, visto que para eles não valeria a pena que as crianças vivessem num mundo sem o nacional-socialismo. Aqui no Brasil temos o exemplo de Getúlio Vargas que também usou do discurso persuasivo e construiu a imagem do líder bondoso e ideal para o país, tendo como consequência o Estado Novo. E vale lembrar que Getúlio teve grande apoio populacional, em sua maioria a classe média e baixa.
Não muito diferente dos outros, é inquestionável que sistema patriarcal norte-coreano uso ferrenhamente de  táticas populistas. Mas afinal, qual o verdadeiro motivo para essa choradeira histérica da população? Teria o "Grande Líder" tanto poder assim?
Países ditos "defensores da democracia", ONG´s defensoras dos Direitos Humanos entre demais entidades e instituições são categóricos: as pessoas estão sendo aterrorizadas pelo medo imposto pelo Estado. Essa é uma das hipóteses que explicam o desespero desenfreado das pessoas. É claro que não podemos negar e está mais que provado que muitos dos Direitos Humanos são feridos em um país fechado como a Coréia do Norte, com destaque para a liberdade de livre opinião duramente reprimida. Por outro lado, uma outra hipótese plausível é de que esse choro demonstre uma dor real, uma dor verdadeira. Seria isso possível? Amar alguém que controlou o país por 17 anos rigorosamente sem economizar austeridade?
Das muitas perguntas jogadas a todo esse marasmo, uma destaco, afinal, "Quem não é controlado?" Somos bombardeados diariamente com padrões sociais dito ideais, dos mais variados. Os comercias de cerveja, por exemplo nos mostram modelos com corpos bonitos e sarados, interpretados por nossa mente como perfeitos, como objetivo a ser alcançado. E confesso, leitor, dentre essas pessoas que pensam assim, sou o primeiro. E afirmo que provavelmente pensas assim também. Isso não seria controle? Imposto e estabelecido, sim, incontestavelmente isso é controle. E este é apenas um dos muitos que correm em nossa sociedade.
Talvez esteja me chamando de louco e sano, por comparar um regime ditatorial com uma simples peculiaridade estética de um comercial de TV. Mas por mais grande ou pequeno que isso seja, ambos são formas de controlar, afinal, o já mencionado controle se apresenta de várias formas, das mais variadas facetas, algumas vistas como "boas"-os belos corpos do comercial- e outros como "ruins"- o brutal sistema político norte-coreano. Interessante observação é que por um lado os tais defensores dos Direitos Humanos aos gritos, não poupam ataques à Coréia do Norte e,  por outro, os mesmos se mantém oclusos aos países ocidentais, onde os tais Direitos Humanos são feridos tanto quanto na Coréia do Norte. A não ser que pense, leitor, que Direitos Humanos se limitam simplesmente ao pleno direito de liberdade de expressão. Isso sem mencionarmos os polêmicos artefatos nucleares tão reprimidos e criticados, gerando ondas e ondas de indignação e medo quando o país em questão é a Coréia do Norte. Mas quando se falam, por exemplo, das ogivas nucleares Norte-americanas, bem... prefiro não comentar! Afinal, são poucos os comentários ou quase nenhum que se fazem dos "mocinhos norte-americanos".
E agora poderíamos dizer que sim? Que é possível que o choro coreano seja uma dor real? Mas oras, em que acreditar? Parafraseando Fernando Pessoa: "O poeta é um fingidor. Finge tão completamente. Que chega a fingir que é dor. A dor que deveras sente".

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Só resta o abraço.

Parada obrigatória para turistas, sobre o morro do Corcovado estão atentos os olhos de Cristo, dia e noite sobre a cidade Maravilhosa. Lá de cima a visão é panorâmica; a cada ponto descobre-se um novo detalhe da rica biodiversidade. Mas o observador atento e minucioso, acaba por achar, entre uma árvore e outra, escondido cuidadosamente em meio a esse ufanismo natural, trilhas por onde circulam livremente a mendicância da população esquecida e até mesmo desprezada pelo Estado, exceto em períodos de eleições, é claro!
Fazem hoje 80 anos que Cristo, por ironia, encravado sobre rocha, assiste atônito a toda essa movimentação. O descontrolado crescimento demográfico no século XX, advento da efêmera industrialização brasileira nessa época, tiveram por consequência a densa apropriação irregular de terrenos impróprios, aglomerando favelas e mais favelas. Os números são dispersos: fontes de pesquisa afirmam que gira em torno de 150 favelas, outros informam que somadas estão em entre 900, carece-me essa informação. Não importa a quantidade de favelas, já que em teoria não deveria haver nenhuma sequer. O que importa sim é a quantidade de pessoas que vivem ali em estado precário, fragilizadas por suas limitações impostas pela sociedade.
A precariedade dessas favelas acomete outras problemáticas urbanas, entre elas a criminalidade. O mundo da criminalidade se torna atentador a essas pessoas que vivem em tal realidade. Somados a diversos fatores como a pobreza, o descrédito ao Estado e o psicológico visivelmente abatido, resultam nos índices exorbitantemente que assistimos em telejornais de mortes a assaltos. Novidade essa informação para você? Me responderia com um simples "não", além disso acrescentaria em sua resposta, "isso é muito comum". Aqui sim reside um grande problema, já comentado em postagens anteriores do blog. Quando começamos a ver o comum com naturalidade tornamo-nos coniventes a ele.
Se eu continuar citando problemas e mais problemas sociais, tão velhos conhecidos, se tornaria maçante e tão chato quanto o clichê diário que estamos inseridos. Facilmente você, leitor, não aguenta ler.
E que adianta grandes e imponentes leis se não respeitamos nem mesmo as mais simples? A mudança reside em nossos atos, a forma como interpretamos as situações. Não é a toa que Mahatma Gandhi proferiu sábias palavras: "Seja a mudança que você deseja ver no mundo". Precisamos de pouco, mais tão pouco para invertemos essa triste realidade, mas insistimos em acreditar que o vizinho fará por nós. Fraco é aquele que se insere em um mundo de fantasia, que se deixa embebedar por uma ideia eloquente de Cidade Maravilhosa e fecha seus sentidos a realidade. Pessoas e mais pessoas estão agora sendo fragmentadas, silenciadas ora pela criminalidade, ora pelo Estado, ora por sua realidade.
Cristo assiste lá de cima do morro em silêncio ao incansável dinamismo carioca. O que resta-nos? Esperança, fé? Não diria isso. Sei que o Cristo Redentor merece fervorosos aplausos pois ele que está lá, sempre de braços abertos complacente esperando pela volta do filho prodigo ou de um pobre coitado que não tenha mais rumo.

domingo, 11 de setembro de 2011

Assoprar das velinhas.

Se Homero vivesse em nossos dias, adquiriria para si um grande rival; 11 de Setembro soa em nossos ouvidos de forma tal que se tornou épico. O que seria de Ilíada e Odisseia sem seus formidáveis deuses, mestres quando o assunto é ostentar poder e superioridade? O que seria o 11 de Setembro sem todos os efeitos hollywoodianos e, assim como os poemas de Homero, sem seus notáveis heróis e vilões? 11 de Setembro se tornou um poderoso marketing nesses dez anos, apelando, sobretudo a ela, a quimera de nossa consciência: a emoção. 
Entretanto, hoje comemoramos um aniversário e façamos jus e ele! Como dizem, afinal, aniversário não é aniversário sem um bolo. Convidados ilustres estão incluídos nessa comemoração, entre eles merece destaque George W.Bush, Barack Obama e é claro Osama Bin La... Bem, perdoem-me, este último não pode comparecer na festa por motivos de força maior, alguns probleminhas digamos, "submarinos" para resolver. A história toda pode se tornar cômica, segundo a sua óptica, leitor!
Possivelmente receberei críticas acerca dos comentários acima, tornar um evento delicado como esse em pura ironia. Mas há de convir comigo, não há mais espaço para sujeiras embaixo do tapete do "Big Stick". A política de Roosevelt envelheceu e sua "suave" fala se tornou rouca. Falo de uma das mais conhecidas facetas da política intimidadora Norte-americana, "Fale com suavidade e tenha na mão um grande porrete". Quando o presidente Theodore Roosevelt pronunciara essa frase em 1901, ele estava de certa forma prescrevendo um futuro que culminaria um século mais tarde no atentado ao WTC. 
Em linhas gerais, a leviana imagem que temos de heróis e vilões de toda essa história precisa ser revista. Porém, uma verdade dentre muitas é que nossos interesses estão acima de muitos de nossos valores, acima mesmo das nossas previsões quanto ao prejuízo que os mesmos interesses acarretarão. Se comemoramos hoje uma década de um acontecimentos antes impensável é porque o quisemos que fosse assim. 
 Pois assim dizem os sábios: Por que o futuro será uma consequência do presente. Detalhes à parte, minha preocupação não é pegar a ponta mais recheada desse bolo, mas sim de saber qual será o desejo do último a apagar as velinhas!
      

domingo, 12 de junho de 2011

Carreira Promissora.

Suponho que todos se lembram do estudante Felipe Ramos de Paiva, morto no campus da USP mês passado. Pois não é que para a nossa surpresa e alegria Irlan Santiago, um dos participantes do crime, saiu pela porta da frente da DHPP(Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa) e mais: rindo. Bandido cavar túnel é coisa do passado, agora eles saem é pela porta da frente. Afinal, é alguma surpresa ou alegria o fato ocorrido? Surpresa eu não diria, mas alegria, isso nos causa e muita. Vai dizer que você não ri quando se depara com uma notícia dessa espécie. Afinal, do que não rimos?
Agora essa, para cairmos na gargalhada geral, o advogado do criminoso, Jeferson Badan usou da "ética profissional do bandido" como um argumento de defesa. Sim, não sabia? Bandido tem sindicato que defende seus interesses trabalhistas, greves por melhores condições de trabalho, carteira de trabalho assinada. Bandido se machucou? Não é problema, ele é assegurado do INSS, oras. Mil e uma ferramentas para o bandido que age dentro da legalidade. Sim, legalidade! Esse mercado promete, não?
É claro, não poderia deixar de lado a "ética" mencionada pelo advogado. Segundo o mesmo, todo bandido, assim como toda "profissão", tem sua ética. Bandido não entrega bandido. Diria que isso é um exemplo de honestidade, em falta na sociedade, bandido não entregar bandido. Maravilha! E no mais: a mesma lei que nos protege é a mesma que nos atira, escarradamente, aos perigos da sociedade. Irlan Santiago não está em liberdade por simples súplicas as autoridades ou outra coisa qualquer; ele está em liberdade por ter se apresentado espontâneamente. Segundo a polícia ele é um simples réu primário, mas para a sociedade convicta de seus valores morais ele é um assassino em potencial, circulando livremente entre nós. Claro que em aspectos e condições naturais todos somos propensos à criminalidade, de um roubo qualquer a um assassinato. O que determina sermos isso ou aquilo cabe a nossas faculdades mentais, conceitos e ideologias. Porém, isso, ao meu ver, não justifica sua liberdade uma vez que confessou em interrogatório participação do crime. Para alguns, Irlan é a vítima da indiferença e desigualdade que percorre nosso pais, tendo como saída o crime. Mas mesmo assim, novamente, isso não justifica seus atos. Pouco que reparei nele, percebi que ele tem dois pés e duas mãos e em ótimo estado. Um bom começo, concorda?
E o que cabe as declarações do advogado, fora repudiado, não só pelo presidente da Ordem dos Advogados em São Paulo, Luiz Flávio Borges D`Urso, mas também pela sociedade, a mídia em geral. Mas fica nisso, como sempre. Talvez daqui a 10 anos ele receba seu julgamento, assim como aconteceu com Pimenta Neves. Afinal, "se ele tivesse ficado na dele, tranquilo, sem reagir, ele não teria tomado bala". Enquanto falta-nos fôlego para gargalhadas sarcásticas, sobram lágrimas e dor a família de mais uma vítima da indiferença. Que venha a próximo, como há de vir, só espero que não seja você!

sábado, 4 de junho de 2011

A toalha caiu.

Eis o corpo de bombeiros que se apresentou completamente nú diante de nós. E para surpresa das meninas, está muito longe de ser aquele corpo sarado, moreno de sunga vermelha. Não, o corpo de bombeiros, digamos, está desidratado, fraco, gritando desesperadamente por uma academia! Ou melhor, por melhores condições de trabalho.
Dez, repito, dez ônibus de bombeiros lotados foram levados a um pátio do batalhão de choque, não como convidados ilustres para serem condecorados pelo trabalho, e sim como presos. Presos por requererem melhores salários. Ai do prédio que pegar fogo agora, ou do surfista que se afogar na praia.Quem poderá socorrer? Os doutores engravatados que não são, muito menos eles, os bombeiros presos.
"Essas pessoas que estão sendo penalizadas são as mesmas que salvam vidas em incêndios e nas praias do Rio. Ganham o pior salário da categoria no Brasil. Quero saber se o governador Cabral, responsável por essa operação, consegue se alimentar em Paris com os R$ 950 que são pagos a esses homens e mulheres". Palavras da Deputada Janira Rocha. Bem Deputada, afinal, será que conseguimos ir para Paris com R$ 950?
Na briga entre o Bope, Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros quem sai perdendo? A população é claro, como sempre foi e sempre será. Vale salientar que esse " sempre será" será se assim o desejarmos? Meus dedos se cansam quando digito perguntas dessa natureza. E seus olhos, aguentam ler repetidas perguntas? Existe fôlego para mais risadas? Não é preciso dizer quem é a platéia e quem são os palhaços.
Vivemos num mundo em que nos constrangemos ao assistir um espetáculo com dançarinos nús - que aconteceu no teatro Sadler's Wells em Londres. Gritamos horrores, nos ofendemos ao assistir pessoas nuas, que afinal não existe motivos contundentes, porque não há nenhuma novidade e não foge ao natural. A não ser que você seja marciano, jupteriano, enfim. Por outro lado ficamos distantes ao vermos bombeiros sendo presos por pedirem algo de direito e no mais profundo silêncio, dizemos, "pouco me importa". No relógio da razão estamos atrasados alguns, eu diria, minutos, se não horas, dias ou meses.
Se a nossa Cidade Maravilhosa está assim, imagina o Brasil à fora, ou melhor, a dentro. Problemas a parte, esqueçamos disso, porque hoje eu quero mesmo é assistir o jogo de Brasil e Holanda, pegar minha camiseta verde e amarela e gritar com raça "eu sou brasileiro".

domingo, 22 de maio de 2011

Canibais.

Ontem, moradores da região central de São Paulo puderam ouvir palavras claras e objetivas: "Hei, polícia, maconha é uma delícia!". Não, não, você não leu errado não! E mais, não é coisa de brasileiro, como muitas julgam. São palavras de um movimento internacional, sim: a Marcha Mundial da Maconha.
Iniciada em 1998 pelo ativista Dana Beal, propõe a mobilização em favor da liberação do uso da maconha, para consumo pessoal e fins medicinais. Uma proposta polêmica ou mais um tema que insistimos em dificultar? De um lado jovens, precursores do futuro, representantes da continuidade da espécie blábláblá. De outro, conservadores, defensores dos valores, que para muitos desses jovens futuristas, não passam de pessoas de ideias atrasadas, paradas no tempo. Vamos aos argumentos.
Sou a favor. Que problema há no uso de uma simples planta, presente na natureza? Se fosse tão mal assim para a vida, como insistimos em vê-lá, a maconha já teria sido instinto à tempos. Quão bom é poder esquecer dos problemas corriqueiros e adentrarmos no universo de felicidade e alegria que o "baseado" nos proporciona. Felicidade essa ilusória, uma vez que o efeito alucinógeno não dura a vida toda. Alucinógeno, o próprio nome nos remete as condições reais. Mas não é isso que buscamos? Um caminho rápido e certeiro para esquecermos por algumas horas de nossos problemas? Mais fácil pegar uma "brisa" do que ganhar na loteria. Outra, pense no imposto que o governo arrecadaria com grandes quantias da erva em circulação. Traria benefícios a muitos. O estado nadando em dinheiro, a população espalhando felicidade. Como dizia Bob Marley, um defensor do uso da maconha: "Para que levar a vida tão a sério, se a vida é uma alucinante aventura da qual jamais sairemos vivos", ou ainda: "Fume maconha e não cigarros, pois neurônios você tem milhões, mas pulmões você tem só dois" Por isso os jovens gritam: "Hei, polícia, maconha é uma delícia!"
Sou contra. Vejam só, já temos legalizado muitas drogas que circulam livremente em nossa sociedade de cigarro à álcool, agora querem a maconha? Um pai vendo o filho saindo a noite com os amigos, teme o pior. Três palavras resumem o mundo lá fora: sexo, drogas e rock´n´roll. Imaginem só na esquina da sua casa uma barraca de drogas, "Três pedras por dez reais". Filho, filho, vai la pra sua mãe e compra seis pedrinhas, mas peça desconto! Ou ainda no jornal, imaginem Willian Bonner dizendo: "O mercado hoje fechou em baixa de 0,5%, a maconha teve leve alta de 2%"... Palhaçada? Querem legalizar mais uma droga, querem transformar a vida, literalmente, em uma droga? Droga de vida, droga de tudo! Onde estão os valores, os defensores da moral? Querem ver mais mães acorrentando seus filhos como cachorros da cadeira, querem ver seus filhos roubando sua própria casa? Gritos de socorro correm na velocidade do som, 340 m/s. Será que alguém consegue alcançar tamanha velocidade? Será que alguém consegue acabar com tal problema? Não basta termos livres na sociedade "canibais", agora querem liberar a "cannabis"? Façam-me o favor!
Os dois lados são complexos, pró e contra mostram suas faces. Engraçado por exemplo, que as pessoas a favor da liberação, ao invés de saírem nas ruas exigindo melhores condições de vida, de escolas à atendimento em hospital público de qualidade, saem as ruas exigindo ainda mais droga. Mais engraçado ainda por exemplo, que as pessoas contra a liberação pouco comentam com seus filhos sobre isso e preferem que os mesmos aprendam sobre drogas com seus professores, com cartazes coloridos, dizendo não as drogas, frases maravilhosas aplaudidas em pé, coisas superficiais, que estão muito, mas muito longe da realidade. Por outro lado é inegável o prazer proporcionado pela maconha, mais inevitável ainda os males que ela traz consigo. A história é a mesma, o clichê tão conhecido por todos, a tecla que sempre bato aqui: o preço da nossa liberdade, o preço das nossas escolhas. Ninguém é obrigado a consumir drogas. Ela legalizada ou não, cabe a você leitor, o direito de consumi-la ou não. Existem temas mais relevantes para discutirmos, problemas sociais que deixariam esse assunto a esmo. Falo de pessoas passando fome por exemplo. Mas que isso importa? Vivemos mundo de ufanismo, da política do pão e circo. Afinal a sociedade é canibal, estamos matando a nós mesmos e como diz a música: "a gente não quer só comida, a gente quer comida, diversão, arte" e "drogas!"
O site para quem se interessar: http://marchadamaconha.org

domingo, 15 de maio de 2011

Família.

Aqui, mais um dia que se passa em branco, 15 de Maio. Você sabe que dia é hoje? Que pergunta não? Hoje é dia da decisão do Paulistão, Santos e Corinthians... Mas não vou fala de futebol, vou fala sobre o dia Internacional da Família. Claro que para fanáticos, principalmente dos dois times em questão é um dia importante, mas tão importante quanto um jogo, neste dia em especial, seria a reflexão sobre o significado de família.
Instituição, grupo social, pessoas que compartilham de um mesmo ambiente... Desses conceitos todos nós sabemos, que concordamos, são conceitos superficiais. Você poderia definir verdadeiramente família? Sua formação, importância, função social, entre outros?
A família mudou, está mudando e irá mudar. Família é uma prova quanto as teorias de Charles Darwin por exemplo, que diz que na natureza sobrevivem os mais adaptados. Família vem se adaptando ao longo da história, moldando características de sobrevivência em relação ao ambiente. Mas como, família então seria uma espécie? Vertebrado ou invertebrado, aquático ou terreno? Não. Na realidade nós nos adaptamos ao ambiente e juntamente conosco a família também. Portanto, família está dentro de nós, assim como a fruta está dentro da casca? Aqui, outra definição importante sobre família: ela reside no nosso interior, dentro de nós. Também não é novidade.
Mas afinal, há uma fórmula equacional para família? Um homem mais uma mulher, mais filhos, igual a família? Será que o conceito família não estaria acima de pensamentos limitados do homem, algo de... origem divina? Tão ferrenhamente defendida pela religião, a Igreja em si, de que a família deve ser preservada, seus valores e todo o resto... Se fosse verdade como julgam ser, essa ideia de "verdadeira família", constituída por homem e mulher, por qual motivo, razão e circunstâncias muitas famílias terminam em brigas, agressões físicas e verbais? Continuando na linha do pensamento religioso, você poderia me responder por exemplo que isso é influência do maligno... Pra mim, conversa afiada! Hoje o casamento, diretamente ligada a família se tornou em um evento, uma promoção social. Caso hoje, me separo amanhã, semana que vem, enfim, será que esse conceito família imposto pela religião não está um pouco ultrapassado? Mas se a união de homem e mulher não deduz primordialmente família, voltamos ao início: O que é família?
Família não seria os valores morais que unem duas pessoas ou mais, os verdadeiros sentimentos ligados a união do casal? Se respondeu sim a pergunta, não cairia por terra a definição fria e insentimental imposta pela Igreja? Bem, como pode presumir falo de união homossexual. Dois indivíduos do mesmo sexo, unidos por esses verdadeiros sentimentos, destacados acima, não seriam uma família? "Imagine, jamais!" é o que pensa a Igreja movida por interpretações hermenêuticas passíveis a erro, uma vez que temos entendimento limitado aos olhos de Deus, ou mais: que existem mais coisas no céu e na terra do que sonha nossa vã filosofia...
Portanto, conceitos retrógrados e mendicantes precisam urgentimente ser reavaliados, precisam ser adaptados as novas condições históricas e geográficas. Seja homem, mulher, hétero ou homossexual, reflita sua condição, aptidão, disposição e todos os ãos da vida, antes de formar uma família. Afinal, em outras definições, família não é a base da sociedade? Logo logo os muros, o telhado, toda a infraestrutura dessa sociedade virão por terra, pelo fato de termos uma base desestruturada. Como disse Darwin: os adaptados sobrevivem.

sábado, 7 de maio de 2011

Mãe.

Deixemos de lado hoje todos os assuntos pútridos sociais para falarmos desse dia especial, que dentre muitos outros serve para fortalecer e renovar os laços de afetividade, laços de filhos e Mães - sim com M maiúsculos. Sobre a mãe se esconde um milagre: o da vida! Que conforta nossas almas frenéticas e nos motiva a viver, nos motiva a crer em outro milagre: a renovação.
Em definições gélidas, mãe vem do latim "mater", que deriva outras palavras como "matriz", principal. E curiosamente "mater" também origina a palavra matéria. Mãe é matéria que gera matéria. Mas de uma coisa estou certo: a palavra mãe vai além. Alguns falham em dizer que mulheres nascem mãe. Mulheres não nascem mães, se formam. Ser mãe é ser... Bem, falta-me adjetivo para simplificar. Uma mulher que escolhe ser mãe sabe o que à espera.
Começa com típico enjôo, logo uma dor aqui outra ali. A coluna queima, ar pernas incham... Visão do inferno para mulheres de luxúria, mas não para mães. Está aqui uma grande diferença entre mulheres e mães. Acima de tudo isso, eis que surge um chute. Ah! Os chutinhos do bebê. Para uma mulher uma dor, para mãe, uma... massagem, uma ação que resulta um largo sorriso em seu rosto. Os meses passam, as dores, ou melhor, o carinho entre filho e mãe aumentam. Chega a hora. Pois não é que mesmo assim tem mais.."dor"? As contrações aumentam, o médico diz exaustivamente, mais força, mais força!. Aqui outro adjetivo de mãe: força inesgotável. Eis que se ouve, nasceu! Um menino, uma menina, nada disso importa para a verdadeira mãe. Ela o recebe com alegria, lágrimas que parecem de sofrimento, são lágrimas de compaixão. Nesse momento, nós, filhos, nos desligamos ao cordão umbilical para entrarmos nos braços daquela que nos amou desde o primeiro instante.
Assim age a verdadeira mãe, que planeja o melhor para seu filho, que da carinho, atenção. Essa é a mãe que por amor não mede esforços para nos proteger. E se for preciso prender, literalmente, com correntes seu filho a uma mesa para que ele não cai as volúpias da vida ela o faz, por amor. Mãe que toma as dores de seu filho para si. Mãe que contagia o mundo com vida. Mãe que é só uma!
Por essas e por outras, nossas mãe são o contraste do mundo que criamos e vivemos, vazio e frio. As mães  são - e sempre serão - aquelas que carregam o mundo nas costas, a motriz de nosso dias.
É claro, dedico essa postagem a minha mãe. Muitas mãe existem, mas igual a minha, não há!

terça-feira, 3 de maio de 2011

Dia de Glória.

"E a bandeira coberta de estrelas em triunfo ondulará, A terra e a casa do valente". Assim termina o Hino Nacional Norte-americano. Nação de bravos guerreiros, de patriotas que demonstram amor incondicional a pátria, a casa do valente! O povo grita Estados Unidos, Estados Unidos! País de vitoriosos... Assim foi e assim sempre será - pelo que tudo indica - a política americana: a superioridade, a bravura, a honra!
"A justiça foi feita; insurgentes não poderão derrotar os Estados Unidos", disse a secretária de Estado americana Hillary Clinton. Alguém duvida disso? A Guerra contra o terror, ontem, mostrou seu apogeu. O símbolo máximo da desgraça, o terror feito carne e vivendo sobre nós: Osama Bin Laden viu-se, finalmente, derrotado pela potência. Os Estados Unidos fora contagiado por ondas de alegria. A concretização de um sonho americano, a morte do algoz, do desumano, de um animal.
Segundo explicação de um especialista em terrorismo da PUC- SP, Reinaldo Nasser, terrorismo está presente em todas as partes do planeta, caracterizado como uma revolta, usando violência física e psicológica para se obter os resultados desejados. Bem, o que isso significa? Ele cita exemplos bem atuais como Rolihlahla. Você conhece esse nome? A princípio não. Reinaldo Nasser faz algumas citações dos atos que Rolihlahla participou, tais como a distribuição de armas, bombas, criação de milícia, no qual resultou em morte de civis. Enfim, não caracterizamos todos esses atos como terrorismo? Rolihlahla na verdade se chama Nelson Rolihlahla Mandela. Que dilema, não? Nelson Mandela, símbolo do Apartheid, pode ser considerado como um precursor do terrorismo em seu país. Que mundo surpreendente!
Portanto, terrorismo é uma ferramenta que utilizamos para defendermos ideologias e obte-lás, a todo custo. Tendo isso em mente, os mocinhos, sim, os queridos Norte-americanos não seriam precursores de terrorismo? Cômico! Logo eles que são os representantes legítimos da "Guerra ao Terror", são na verdade mais um dos muitos grupos terroristas. Prova disso, que na continuação da definição de terrorismo de Reinaldo Nasser, ele diz que terrorismo é praticado por indivíduos, grupos ou estado. Sim, estado!. Aqui no Brasil por exemplo, vivenciamos isso na Ditadura Militar, pessoas mortas, torturadas, entre outros atos que já somos ciente.
É inevitável esse choque de ideologias, ainda mais em um mundo globalizado, o choque das civilizações. Para nós Bin Laden é um monstro, para seus simpatizantes, um mártir. Bin Laden mesmo disse: "Feliz aquele escolhido por Alá para ser um mártir". Não podemos ignorar também o extremismo religioso por parte desse grupo. Para nós, Estados Unidos seria uma utopia (de forma irônica claro), para eles, uma nação opressora, tirana, a "Grande Satã". Interminável conflito ideológico
"Brigam as ideias, vence os argumentos". Na ausência de argumentos, um homem bomba serve!

sexta-feira, 29 de abril de 2011

O real.

Hoje presenciamos mais um marco da história mundial, especialmente para monarquia inglesa. Sim, o assunto mais badalado do momento: Willian e Kate. Dois jovens, de um lado um príncipe, o da realeza, de outro uma plebeia, uma comum. Uma chance de 10 elevado a milésima. A história perfeita, da fantasia dos contos ao real.
Da fantasia, ao real! Suponho que lendo até aqui podes perceber a dualidade que a palavra real nos abarca.
Real, a palavra nos remete seu significado, aquilo que é verdadeiro, aquilo que existe. Agora, e o oposto, aquilo que não existe,o ilusório e fantasioso, todo o resto, seria plebeu?
Kate dormiu plebeia, uma simples Kate entre muitas, acordou realeza, a Sua Alteza Real, a Duquesa de Cambridge. Que menina não se projetou por míseros segundos uma princesa, da carruagem à coroa, do príncipe ao castelo. Seria errado sonhar e de certa forma iludirmos com aquilo que desejamos? Sim, seria a resposta de um possível carrasco desiludido com a vida; Não, seria a resposta de um dentre milhares de milhões que esticam o máximo - e mais um pouco -  seu pescoço para saber o que há além horizonte: um sonhador, um desbravador, seja como queira chamar.
O casamento do século como especulam, deixou de ser um sonho, tornou sua própria materialização. Encheram a Abadia de Westminster, de um lado a proeminente monarquia e todo seu esplendor, à direita da Igreja assim como segundo a Bíblia, Jesus está a direita do Pai, de outro, o comum, o popular. Olha quão vasto é a reflexão que podemos analisar sobre as eras."Em pleno século XXI" monarquias sobrevivem, reis e rainhas mostram seu brio, ainda reinam, e mais: fascinam. É  cativante, atraente, alucinador... Não seria de menos, afinal, quem nunca quis estar acima, quem nunca quis ser "real"? E assim, de era em era, continuamos a esmo de nossas condições, continuamos a sonhar, continuamos a projetar aquilo que chamamos de destino.
Seria de grande valia lembrar aqui, que quando termina-se o jogo, o rei e o peão voltam para mesma caixa; ou mais: que " do pó viemos, para o pó retornaremos" O que nos faz sermos diferentes, mas ao mesmo tempo iguais? O que nos faz, seguindo a linha de pensamento construída até aqui, sermos falsos, comparados aos olhos daquilo que vemos como real? Perguntas inquietantes.
E como dizem os britânicos: Que Deus salve a Rainha!

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Que dia é hoje?

Fiquei surpreso em não encontrar nenhuma reportagem, digamos, especial sobre esse dia. Não, não é Páscoa. Ainda não. Também não comemoramos nenhuma conquista dos direitos sociais como um salário mínimo que atenda a necessidades básicas, por exemplo. Algo me diz que isto está longe de acontecer. enfim. Afinal, que dia é hoje? Bem, hoje comemoramos (?) o dia do Descobrimento do Brasil, para ser mais meticuloso, comemoramos o Redescobrimento do Brasil, uma vez que já era habitado por índios. Mas disso todos nós sabemos. Isso pode ser prova que a cada ano, datas importantes perdem a sua importância, engrassado, o importante perder a importância?
Fazendo uma reflexão mais complexa, poderíamos dizer que hoje comemoramos o início da escravização e exploração dos índios? Que comemoramos o início dos saques aos recursos que aqui existiam? Comemoramos hoje a perda de riquezas inestimáveis para nos brasileiros. Será que teríamos a sagacidade de comemorarmos essa data marcante para nós? Esse foi o preço que pagamos para que pudéssemos dar inicio as relações internacionais.Um mundo sem fronteira, não é isso que queremos? Olha que engraçado, ontem também foi um dia importante. Não, não foi a Páscoa! Calma que Domingo já chega e dai sim você pode comer seu ovo de chocolate. Ontem foi o aniversário de execução de Tiradentes. Engraçado como as datas batem. Tiradentes foi um mártir da Inconfidência Mineira, que foi o movimento de revolta da separação do domínio da Corôa portuguesa. Junte os fatos: estávamos, até então sendo explorados por um país que não chega a ocupar a área do Piauí. Cômico? Não, trágico!
"A liberdade diminui à medida que o homem evolui e se torna civilizado". Momentos assim eu me questiono o motivo de macacos estarem em jaulas. Um dilema e tanto, concorda? E o que podemos fazer, já aconteceu! Podemos refletir, tomarmos medidas construtivas para não sermos "explorados", em que engloba sentido diversificado. O pior burro é aquele que não quer aprender. Aqui deparamos com outro problemas: nosso bom senso no que diz respeito a liberdade. Não proponho aqui um pensamento anarquista, de forma alguma, proponho um pensamento racional sobre o nosso dever, querer e poder. Che Guevara disse: "Sonhas e serás livre de espírito... luta e será livre na vida" Aqui, uma frase que sintetiza as consequências de nossas escolhas, seja pessoal ou social. O puro clichê social, já velho conhecido por quem lê as postagens do blog: competi a cada um de nós, os atos e as consequências.
Olha que engrassado, se é que consigamos rir, hoje também é Sexta-feira Santa. Dia de reflexão? Que isso. Índios sendo escravizados, recursos sendo saqueados, Tiradentes sendo enforcado, Jesus Crucificado!... Nossa que tragédia grega. Bem, grande porcaria tudo isso, afinal o que queremos mesmo é descer a serra, torrarmos no sol, enchermos a barriga de cerveja e crurrasco no vizinho. Mas calma, o brasileiro da seu jeitinho, tenho certeza que vai sobrar espaço para comer os veneráveis ovos de chocolate! Boa Páscoa

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Seria o momento?

Mais uma vez toda efemeridade, movida pela consternação e todo ardor sentimental da sociedade, causada pelo "massacre do Realengo", nos alerta para os perigos que corremos em tomarmos decisões de grande relevância social. É a incansável batalha entre a razão e a emoção, ambas importantes é claro, mas independente das nossas escolhas, trazem consigo altos preços. Falo da seguinte pergunta: " O comércio de armas de fogo e munição deve ser proibido no Brasil?"
Seria o momento ideal para tal plebiscito? Momento de extrema emoção ( que já demorou e muito para terminar!) sobre um caso isolado como o de Realengo, seria a justificativa para o "desarmamento"? Tomarmos decisões por impulso momentâneo ou pensarmos nas consequências impostas sobre tal decisão? Perguntas a parte, uma coisa é fato: com o sem armas continuaremos a matar; com ou sem armas estaremos a esmo da criminalidade. Pena que hoje não é 1º de Abril, poderia escrever que erradicamos a criminalidade, por exemplo, seus filhos poderiam brincar nas ruas, poderíamos abrir nossas janelas para escutar uma eufonia da natureza, mas na verdade é provável que escutemos o som do gatinho e uma voz fria e objetiva "parado, isso é um assalto!". Chega até ser cômico, mas como disse Chapin " A vida é uma peça de teatro". É raro encontrarmos alguém que consiga rir de seus próprios problemas, mais que isso, pessoas que saibam reagir. Essa é uma reação popular. Chega de armas, chega de brigas, quero paz e amor!. Puros exemplos de clichês. Queremos tudo e mais um pouco, mas pouco ou nada fazemos para conseguir.
Te faço a seguinte pergunta. A resposta obviamente cabe a você e junto com elas suas consequências, é claro. A foto ao lado, premiada de Eddie Adams, "A execução de Saigon", evidentemente mostra os extremos da vida. Chame isso se surreal, como queira, mas se pudesse escolher, quem você seria, o homem com a arma ou o prestes a sua execução?
Estaria disposto você a por sua vida em risco por pura onda se sentimentos passageiros? Ter uma arma em casa significa segurança? Que bases você se apoiaria em afirmar que um de seus filhos, que gozam pura inocência, jamais se atreveriam em se aproximar de uma arma, movida pela curiosidade? Conseguiu dar uma resposta para minha pergunta acima? Você está disposto a ser quem da foto?
Assim como você, já perdi a conta de quantas perguntas fiz. Confesso que poucas ou nenhuma consegui responder. Perguntas assim nos fazem rever conceitos e ideologias. Mas pra que levarmos a vida tão a sério, se nascemos de uma gozada? Pergunta mais do que irônica para o momento, concorda?
Algo me diz que daqui a 5 meses ou mais, as pessoas perguntarão se Realengo é de beber ou de comer, se é homem ou mulher. Isso prova nossa mediocridade e imaturidade aos problemas que ano após anos, ficamos, ou fingimos estar inertes. Afinal o que importa prioritariamente é a minha integridade. Agora se me perguntarem se sou a favor de investimentos na investigação e apreensão do tráfico de produtos ilícitos no Brasil, sem dúvidas, mudaríamos o teor em questão, chegaríamos a um consenso. Mas que seria ridículo seria, para não falar outra coisa, que  representantes políticos não tenham aptidão para discernir uma resposta cabível para tal pergunta.
Disse Barão de Montesquieu: "Um império fundado pelas armas tem de se manter pelas armas". Cabe a nós sabermos escolher entre uma arma de fogo e o nosso desejo de mudança, nossa voz.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Negação.

Segundo psicólogos, pais agiram sem pensar. Verdade ou não, talvez você concorde comigo, ambos foram insensatos. Falo do caso dos pais que recusaram uma de suas trigêmeas, no Paraná. É isso mesmo que você leu, eles recusaram um de seus filhos.
Em depoimentos, a fertilização fora feito in vitro, e que de quatro óvulos, fertilizaram três. O problema é que os pais só queriam dois. E agora? Bem, seria entregue a doação, ou quisera Deus que um deles morresse ali mesmo. Não estou louco não, digo isso porque os mesmos pais buscaram recursos no exterior para abortar uma dessas crianças. Um documento, feito em Agosto de 2010 permitia a doação de um dos três, uma vez que não conseguiram meios de abortar um deles apenas.Até orientaram os familiares a não visitarem as crianças. Vai saber quem seria escolhido agora, seja pela cor da pele, cabelo ou olhos. Não sei qual seria os parâmetros que os pais, se podemos chama-los assim, utilizariam como meio de se livrar de um dos filhos.
Isso, diria, é surreal. A que ponto nós, "seres dotados da razão e da lógica" chegamos? Mas como nós somos maldosos leitor, não temos a capacidade de entender o desejo do casal, eles só queriam dois! O terceiro, em outras palavras, diria que no português claro e objetivo, que se dane, tanto fez como tanto faz. Não é isso que podemos concluir, com base nas atitudes desses "pais"? Se vermos aos olhos da religião, os filhos são presentes de Deus, dádivas, troféus para os pais, uma das provas concretas que existem sim um Deus, a perpetuação da raça...
Ora, esses mesmos pais, que segundos filosofias religiosas edificam seus filhos antes mesmo deles nascerem, são os mesmos que os rejeitam. Não é um caso inédito, temos muitos exemplo assim. Mas enfim, será que não seria conveniente o aborto?
Digo aborto sim. Reflita: O que pensaria uma criança sabendo que seus pais não os querem? O que você pensaria, sabendo que seus pais não o querem e você fora feito por "engano"? Qual seria o futuro de um ser-humano rejeitado pelos próprios pais?. Não, não. Aborto é contra as leis divinas, contra as escrituras, o direito à vida e tudo mais. Sim, tudo bem. Mas o que é um pai contra o nascimento de um de seus filhos? O que é o homem lutando contra o próprio homem? Temos de tomar medidas urgentes, a sociedade está começando - se é que não começou- a depravar a si mesmo. Sim, a sociedade já começou! Como pode perceber, entrei em contradições de pensamento, porque insisto em acreditar em dias melhores, insisto em acreditar naquilo que chamamos de utopia. Não existira uma sociedade perfeita, mas podemos sim, tornar a sociedade consciente de seus atos, a lei da ação e reação.
Um dos grandes problemas do mundo, é a falta de planejamento familiar. Uma família planejada, seja económica e psicologicamente, mudaríamos significativamente esse cenário. Claro que haverá, digamos, imprevistos, mas uma criança sendo educada por pais responsáveis, por famílias que não surgem do acaso, poderíamos sim, revigorar os rumos que seguiremos no futuro.
Margareth Zanardini, advogada dos pais, diz que eles estão "desesperadamente, procurando todos os meios" para ter seus filhos de volta, e mais: farão apelo internacional. Será que adianta agora? Seria o futuro dessas crianças, separadas ou não, literalmente jogadas como lixo para adoção?. Logo veremos uma placa: Filhos por encomenda, compre dois e leve o terceiro de graça.
Como disse Raul Seixas " A arte de ser louco é jamais cometer a loucura de ser um sujeito normal". Louco ou não, tire suas próprias conclusões leitor.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Bicho Homem.

Mais uma vez a tão prestigiada "Cidade Maravilhosa" deixou marcas hoje no riquíssimo histórico criminal; derramamento de sangue, destruição de famílias e entre outros mais que o Rio de Janeiro vem sofrendo. Mas dessa vez algo diferente, se assim podemos dizer, nos trouxe o sentimento de repúdio e inconformismo quanto as atrocidades do homem para com o seu semelhante. Talvez pelo fato de fugir ao nosso padrão cultural, fiquemos estarrecidos ao depararmos com uma verdadeira chacina.
Wellington Menezes de Oliveira, 23 anos, entrou na escola municipal Tasso da Silveira no Realengo, zona oeste do Rio, para o que ele chamou de uma palestra em comemoração aos 40 anos da unidade. Sem menos esperar, sacou sua arma e atirou, provocando a morte de pelo menos 11 crianças e muito feridos, segundo informações atualizadas. Pois bem: deixemos de lado os números e estatísticas. Agora eu pergunto a mim mesmo, ironicamente, o que são algumas dezenas de crianças mortas, se compararmos as tantas que estão para morrer nos próximos minutos, horas, dias, enfim, em todo território brasileiro, quantas dezenas de "brasileirinhos" como disse a presidente Dilma, estão prestes a perder um futuro? Esqueçamos novamente de dados, e passemos a refletir em quanto sangue esta sendo derramado em todo país. Claro que o fato ocorrido no Rio hoje nos deixa estupefados, uma vez a escola que tem por finalidade a formação de futuros cidadãos, tornar-se drasticamente em um palco de tragédia grega. Isso nos causa todo esse sentimento humanitário, crianças indefesas, vendo suas vidas e de seus colegas sendo tiradas, ao mesmo tempo. Agora se fosse por exemplo 11 crianças em eventos separados, independente do lugar, sendo mortas, será que isso chamaria a atenção em massa, as redes sociais, meios de comunicação, enfim, será que nos causaria esse sentimento? Sim, é "normal", satiricamente dizendo, crianças morrerem em meio a grande criminalidade que encontra nosso país, que não é um evento isolado, uma vez que a criminalidade existe em todas as sociedades. Ora, você se pergunta, mas disso eu já sei, que existe criminalidade em todo o mundo. Sim, indelevelmente existe, mas eu reafirmo aqui para deixarmos claro que isso não é exclusividade brasileiro, como muitos pensam. Casos assim não fogem dessa mesma dita "normalidade" nos Estados Unidos por exemplo, que eu poderia perder aqui horas e horas citando exemplos.
Agora a conversa é diferente, aconteceu aqui em meio a nossa cidades. Será que absorveremos com tanta intensidade um possível segundo acontecimento parecido como esse?
De uma coisa estamos certos, e que em mim, particularmente me deixa remansoso é esse sentimento humanitário que contagia o brasileiro nesses momentos de socorro, assistência e amparo aos que precisam. Isso nos humaniza, literalmente é um tapa na cara, que nos mostra a nossa condição de igualdade e fragilidade, ela mesma, que tanto cito aqui: a condição humana.
Em carta deixada pelo autor do crime, ele mostrou um certo descontrole, até mesmo uma certa insanidade movidas por conspecto de doutrinas religiosas, no caso o islamismo. Ele via "impureza nas crianças", " não poderia ser tocado por fornicadores", deixou uma casa no qual ele quer que seja usado por " pessoas generosas que cuidam de animais abandonados", afirmou também ser portador de HIV. Está claro para nós que eles estava descontrolado. Entre essas e outras, vale lembrar que o presidente da Comissão de Ética da União Nacional das entidades Islâmicas do Brasil, Jihad Hassan Hammad, não reconheceu a relação de Wellington com o Islamismo e que o "Alcorão diz que aqueles que tiram a vida de inocentes é como se estivesse assassinando toda a humanidade" e que o "islamismo não aceita extremismos". Mas não podemos negar o fanatismo de certas pessoas, falando da religião como um todo, no qual são capazes de matar em nome de seu deus.
Para o sargento Marcio Alvez que atirou na perna de Wellington, impedindo que ele fosse para outras salas de aula, vê essa situação como dever cumprido. Para nós que assistimos vemos como um ato insano de covardia sem explicações.
Primata bípede, do gênero Homo, família Hominidae, mamífero e blá blá blá. Não conhece? Pois eu te apresento ao bicho homem. Que preza antes de mais nada seus interesses e ideologias pessoais, nem que seja preciso matar, roubar, de certa forma manipular os seus semelhantes. Este é o bicho homem. Bicho, como você leu. Não sei se poderia colocar aqui a "principal" característica  que nos distingue de outros animais, além das características morfológicas. Falo da razão, do raciocínio. Isso anda em falta hoje.
Aproveitando essa linha de pensamento, quanto as características da evolução biológica do homem, termino com a frase de Mário Quintana; " O que me impressiona, à vista de um macaco, não é que ele tenha sido nosso passado, é este pressentimento de que ele venha ser nosso futuro".

quinta-feira, 31 de março de 2011

TRANSFORMAÇÃO I

Algumas pessoas que acompanham o blog me deram a ideia de colocar aqui, além das postagens semanais, tópicos sobre comunidades, entidades não governamentais sem fins lucrativos, projetos sociais em geral; pessoas e comunidades que muitas vezes agem no anonimato, visando melhorias na qualidade de vida em seu bairro ou cidade, assim proporcionando cultura, responsabilidade moral e cívica, em suma: formando os cidadãos do futuro. Pessoas que se cansaram de esperar e botaram a mão na massa, que dão vida a TRANSFORMAÇÃO.
Assim tem sido o projeto Viva Favela,criado em julho de 2001, no qual moradores com reportagens, vídeos e fotos retratam a vida em comunidades da periferia, seus problemas e as medidas adotadas para superá-los. O projeto propõem mudanças sociais no combate a desigualdade e restauração da qualidade de vida. Sobre coordenação de Mayra Jucá, Viva Favela está mostrando que é possível " deixar este lugar melhor do que encontrei" Conheçam mais sobre o projeto http://www.vivafavela.com.br



terça-feira, 29 de março de 2011

Amor à vida.

Dos muitos títulos que poderia escolher, não há melhor que sintetize José Alencar Gomes da Silva se não o amor à vida. Não poderia deixar de dar meu parecer em um momento de grande pesar. Hoje pela manhã, vendo ao noticiário, novamente pudemos acompanhar essa dura caminhada e infatigável luta em busca de prorrogar sua morte. José Alencar não só foi, mas será para todos os brasileiros que tem consciência de sua representatividade, um exemplo de superação e altivez, que começa pela sua família e alcança as fronteiras dessa nação continental. José Alencar é o modelo concreto do que chamamos de fé. Foram 17 cirurgias. Perdeu rim, partes do estômago, intestino delgado e grosso, mas não perdeu a alegria, não perdeu o sorriso. Marca indelével da sua personalidade. Até o ultimo momento de vida ele não se deu por vencido ao cancêr. Vale lembrar sim ao que muitos especulam ser sorte, se tratando de suas condições financeiras, que ajudaram - e muito - o seu tratamento até aqui. Agora te pergunto leitor, sorte?
Ele nasceu em 17 de Outubro de 1931 em Muriaé, Minas Gerais, aos 7 anos começou ajudando seu pai em uma loja, com 14 irmãos, aos 14 começou a trabalhar como balconista numa loja de tecidos " A Sedutora". Muda mais tarde para Caratinga no qual destacou-se como grande vendedor. Aos 18 abre seu próprio negócio "A Queimadeira". Mais tarde ele ajudou a dar vida a Coteminas. Eu assisti a uma de suas entrevistas ao Jô Soares em 2010 ( que inclusive recomendo a assistir os vídeos) que ele conta por exemplo em tom humorado e bem emocionado o que ele fazia com seu salário, e mostra a sua vocação desde cedo para os negócios. Depois de tomarmos noção de sua trajetória, de balconista a dono de um império têxtil, de uma família simples a vice-presidente da república, eu te pergunto, seria mesmo sorte? Não, isso é persistência, é coragem de encarar a vida e provar que é possível.
Dos muito sinônimos ditos aqui em se tratando de José Alencar destaco a tenacidade. Ele mesmo fazendo parte do corpo administrativo e governamental do país, fora um crítico ferrenho em se tratando de juros por exemplo. Mais uma prova de seu compromisso com a verdade, de seu caráter e brio. Só mesmo um homem assim, com essas e muitas outras qualidades, teria integridade ao se tratar de críticas. "Não tenho medo da morte, não sei o que é morte". Só mesmo um homem como José Alencar poderia enfatizar essa posição, como muitas vezes fez. Homens assim fazem falta para o Brasil. Mas ele cumpriu sua missão, deixou suas marcas, carimbou sua existência na história. Encerro com os seguintes dizeres que julguei mais adequados ao momento: "Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé". Meus pêsames.

Nenhuma novidade.

Pela manhã, pesquisando material para a postagem do blog me identifiquei com uma reportagem em especial. Vale lembrar antes de mais nada, que os créditos da informação se deve a Diógenes Muniz e todos os demais profissionais envolvidos, da Folha. Pois bem: "Engraxate mora em árvore em plena Av. Marginal Leste" é o título da reportagem. Fantasia ou puro radicalismo de defensores dos direitos humanos - que para muitos não passam de desocupados. O que você pensa ao ler isso? No mínimo seria uma especulação da mídia. Entre essas e muitas outras conclusões pessoais, por mais que sejam variadas, um conspecto poderia enfatizar a reação ao lermos a reportagem: a tolerância. Você não leu errado, é isso mesmo, tolerância, disposição em admitir algo naquilo que não nos convém. É comum hoje para todos nós no tão proclamado "tempos modernos", em pleno "século XXI", na era da revolução de pensamento vermos filhos matando pais, crianças tendo filhos. Repito, crianças tendo filhos!. E nessa linha de pensamento é mais do que comum um homem qualquer morar em uma árvore, afinal o que esperamos de um engraxate? Uma casa decente, uma família feliz? Não, esperamos dele que deixe nossos sapatos brilhando. Ridículo seria mesmo dizer que um procurador da justiça dorme em meio a jornais em uma rua qualquer.
A verdade é essa, que tudo que existe hoje, na tão lembrada Declaração dos direitos do homem, direitos dos animais, direitos da criança e adolescente, direitos da mulher, direitos do idoso, direitos da árvore, da pedra, dos lagos, da flora em geral, enfim, na era dos Direitos de todas as formas ( e nenhum dever) tudo isso é comum, é normal. Vale lembrar que é normal desde não seja comigo.
Não poderia deixar de citar nossa personagem principal, André Luiz Rodrigues Augusto. Surpreso? Pois é, engraxate também tem nome. Segundo seu relato, ele fora jogado pela mãe no lixo, adotado, fugiu por conta das agressões que sofria, sem documentação, sem destino, sem nada, está por ai no mundo engraxando, catando latinhas, morando em uma árvore, fugindo dos perigos da noite paulistana, mendigos sendo queimados na sé, outros sendo baleados ali, outros lá. André está la em cima, se escondendo como caça do caçador. Agora, é novidade isso pra você leitor? Ficou surpreso? Claro que não, já sabemos disso a muito tempo, assim como sabemos que um mais um é dois. Lógico. Para André uma mais um é quatro, dez, quinze. Quem dera se um mais um fosse igual a dignidade.
E eu com isso? Mas o que tudo isso importa, deixemos problemas alheios de lado e desfrutemos nosso prato de comida na mesa e uma boa noite de sono naquela cama confortável. Claro, o que importa antes de tudo somos nós. Termino essa postagem como termina a matéria "Não é porque eu moro numa árvore que sou feliz"

quarta-feira, 23 de março de 2011

Somos a rocha.

Alguns dias antes da chegada do presidente americano Barack Obama ao Brasil, já formulava algumas deduções quanto aos seus discursos. Não tive tanta surpresa. O Povo -  isso mesmo, com P maiúsculo- como de costume fora aclamado, exaltado, colocado nos mais altos patamares globais, como de costume, afinal, não é esse um de nosso desejos mais profundos? O desejo do reconhecimento, o sentimento da vanglória. Ah, hormônio poderoso e afamado que circula por nossas veias!. O brasileiro mais uma vez ouviu o que queria ouvir, bebeu desse vinho chamado ego. Mas não estamos bêbado não. Sim, ele mesmo, considerado o homem mais poderoso do mundo, acariciou nossas cabeças, andou por nossas ruas, subiu o morro de nossas favelas, sim ele mesmo. Nos encheu de mimos e afagos, nós que adoramos bater no peito, na raça e bradar aos quatro ventos com a fúria de um leão ao som da mais harmoniosa sinfonia "Eu sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor"( normalmente falamos isso em copas do mundo ou seja, de quatro em quatro anos).
Foram momentos históricos: o primeiro presidente negro Norte-americano e a primeira mulher presidente do Brasil, ambos figuras simbólicas de renovação ideológica, que por força de aclamação social tornaram-se ambos, puras estratégias de marketing, que por sua vez são de incontestável importância, uma vez que são a alma do negócio, a propaganda do produto que vendemos.
Tenho a leve impressão que o Brasil cheira ouro negro la fora, cheira petróleo puro, ou ainda eles sintam o doce caldo da cana-de-açúcar, ou aquele leve frescor do álcool em contato com nossa pele, que me lembra etanol. Seria isso um pequeno delírio do meu pensamento leitor?
É indiscutível, por mais cético que sejamos, o novo cenário global, nas diversas questões políticas e econômicas a presença brasileira nas opiniões e decisões. Estamos ganhando destaque nos palcos mundo a fora, o que foi um dia país-colônia, um território onde imperou uma sociedade escravocrata, uma população que em 1964 viu sua voz calada, seus direitos reprimidos pela ditadura, hoje se ergue como a sétima economia global, hoje se mostra uma nação-superação. "O Brasil é a bola da vez", pena que não é uma bola de futebol, tirávamos de letra, mas fazermos o que.
Em suma, a visita de Barack Obama pode sim ser vista como um reconhecimento desse novo Brasil, mas também, é claro, movida por interesses diplomáticos. Mas afinal o que trouxe Obama ao Brasil? Eu, buscando uma resposta objetiva que sintetizasse essa pergunta, encontrei alguns dizeres que até agora foram os mais cabíveis. " O maior medo de um rei é de perder a sua coroa". Vamos e venhamos, Estados Unidos já perderam seu trono, e o Brasil com isso? Somos a rocha, para uma possível edificação segura dos novos muros Norte-americanos.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Provocando a própria morte.

Ficamos surpresos ao vermos a reação japonesa em meio a destruição de comunidades inteiras, casas destruídas, famílias separadas em busca do paradeiro de seus parentes mais próximos temendo o pior, isso se é que pode haver o pior, depois de um terremoto de 8,9 graus da escala Richter e um tsunami com ondas de até 10 metros, ficamos surpresos sim, com o comportamento social em meio de toda essa lástima; a ideia de pensar no próximo, de pensar no coletivo; ficamos estagnados com controle primeiramente pessoal, que resulta por fim no controle social. Mas era de se esperar um país acostumado com catástrofes naturais, já que se encontram próximos a falhas geológicas e também vale lembrar que estamos falando da terra dos Samurais no qual sua principal característica era a disciplina, que conta e muito em momentos como esse. No Japão a população é educada desde cedo como proceder em momentos de terremotos e tsunamis. Prova disso por exemplo é a palavra Tsunami, que provém do japonês. Podemos resumir todo esse processo numa característica  natural do homem: adaptação. É inquestionável a força que a natureza resulta sobre nós e que nada somos contra ela. Com todo treinamento e preparo existem falhas, claro, uma vez que terremotos são alertados minutos antes. Podemos concluir então que não podemos controlar a natureza e seus efeitos, uma vez que tudo está em constante processo de transformação. Mas pode haver algo pior que isso? Terremotos, ondas gigantes. Pode sim, e como! Falo da energia nuclear.
Esse é um produto da ação do homem, portanto responsabilidade do mesmo. É inimaginável a força resultante da energia produzida pela reação em cadeia da fissão nuclear, as consequências sofridas pela vida que entram em contato com a radiação. Essa mesma energia, que por "ironia do destino", assim dizendo, destruiu as cidades japonesas de Hiroshima e Nagazaki em 1945, e fez de Chernobyl uma cidade-fantasma em 1986, agora estão mostrando sinais de vida em Fukushima. Será esse nome, Fukushima, o próximo da lista de desastres provocados pelo homem? Descendentes até hoje apresentam problemas congênitos e anomalias genéticas  de acidentes nucleares. Grande porcaria tudo isso, o que eu tenho a ver com esse problema?.Bem você não tem  nada a ver com problema nenhum, desde que você viva em Marte ou outro confim do universo. Se bem que o homem anda mais com o pensamento na lua, mas enfim, como disse é inimaginável a força destrutiva da radioatividade. O que diferencia o Brasil do Japão? Muitas coisas você responderia: O brasil é a sétima economia do mundo, já o Japão é a terceira maior. Também podemos citar nossas características morfológicas, que nos distingue, os olhos puxados, altura, entre outras formas; budismo religião predominante lá, cristianismo aqui. Entre muitas outras diferenças sociais e culturais, uma nos iguala: a condição humana. Somos humanos, leitor, grande novidade!, clichê básico. Para entendermo realmente isso precisamos literalmente sentir na pele a terra tremer, não em bailes de funk, onde o chão treme todo (como de costume brasileiro), precisamos ver nossos amigos sendo levados pela água, precisamos sentir a excêntricidade da vida. Assim, possamos entender definitivamente nossa fragilidade.

Nesses momentos apelamos à Deus, ajoelhamos, prometemos, rendemo-nos. Mas cadê ele? Não salvou as vítimas, estava dormindo na hora do tremor? Ou será que Deus não aguenta mais por o seu dedo divino nos nossos problemas, será que ele não se cansou de passar a mão em nossas cabeças? Se virem! Por enquanto vivemos, até que venha a morte, nós a provocando ou não.

Termino agora com as palavras de Friedrich Nietzsche.
Deus está morto! Deus permanece morto! E quem o matou fomos nós! Como haveremos de nos consolar, nós os algozes dos algozes? O que o mundo possuiu, até agora, de mais sagrado e mais poderoso sucumbiu exangue aos golpes das nossas lâminas. Quem nos limpará desse sangue? Qual a água que nos lavará? Que solenidades de desagravo, que jogos sagrados haveremos de inventar? A grandiosidade deste ato não será demasiada para nós? Não teremos de nos tornar nós próprios deuses, para parecermos apenas dignos dele? Nunca existiu ato mais grandioso, e, quem quer que nasça depois de nós, passará a fazer parte, mercê deste ato, de uma história superior a toda a história até hoje!

quarta-feira, 9 de março de 2011

Acabou, e agora?

Ah, o carnaval! "O tempo esquentou, O samba vai raiar, Quem é fraco se arrebenta, Quem é forte, vai sambar, Até de manhã."  Assim tem sido esses últimos quatro dias de esbórnia, a farra, a bebedeira, a vida boemia de ser. Carnaval é tempo de alegria, de sacodir o esqueleto, de por pra fora nossos instintos primitivos, no carnaval somos como a Sandy: mostramos nosso lado Devassa, o lado libertino, o lado libidinoso de ser. A ginga sensual toma conta de nossas veias, o rebolado se espalha pelas planicies do território, o frevo, Olodum, o samba-enredo a união de todos os ritmos e sons com um propósito: suscitar o nosso desejo guardado por meses, o desejo da carne, o desejo do contato, corpo a corpo, de beijar na boca, de beber até não aguentar, de colecionar nosso albúm de ficantes(só não fale repetir figurinha);enfim, é Deus no céu e o carnaval no Brasil.
O carnaval não é brasileiro, como muitos imaginam. O carnaval tem um origem incerta: uma festa primitiva, pagã, em adoração aos deuses, Baco por exemplo, deus do vinho ( que alegrou e muito o coração do homem, nesses dias de folia), também as Saturninas romanas, ligadas a celebrações órgicas. Mas carnaval também vem de "carne vale" ou " adeus a carne", que antecede o início da quaresma.
Mas voltando ao Brasil, o carnaval sendo profano, pagão ou religioso, sintetizando, seja qual for a origem do carnaval, ele traz por consequência alguns "probleminhas" (minimizando a palavra talves possamos nos cativar ainda mais com ela). Daqui a nove meses por exemplo, as maternidades estarão movimentadas, adolecentes tendo seu primeiro, segundo filho, muitas delas abandonadas pelos pais, isso se é que elas saibam quem são os pais, afinal, carnaval ninguém é de ninguém. Jovens morrendo em estradas por estarem alcoolizados. Vamos e venhamos agora, é ridículo, hoje, com tanta informação ( que em mim me da certo desprezo em ouvir), tanta conscientização, o cara se matar batendo de frente a outro carro ou mais ainda, fulano dizer que esta com Aids, HIV, seja que pandemônio for, tudo isso se tornou de certo modo ridículo, sem sentido, uma vez que estamos carecas de ouvir, popularmente falando. Não basta distribuição gratuita de camisinha? Já sei, não tem de sabor morango que você tanto queria. Cartazes e comerciais coloridos previnindo sobre acidentes no transito? Querem exemplos claros de frases clichês? " Se beber não dirija", "se transar, use camisinha". De certo modo tenho vontade de rir da pessoa que me fala isso. Mas por outro lado, falando tudo isso mesmo assim acontece, imagine se não falassemos? Depois me dizem..." nossa estamos em pleno século XXI", sim eu sei meu caro. Acontece o seguinte, os séculos estão passando, as coisas mudando, mas ainda insistimos em sermos parvos, fúteis.
Aproveitemos, então o carnaval, alimentemos nosso libido, fortaleçamos nossos devaneios e desilusões. Não existe melhor representante do carnaval senão a figura idônea do Rei Momo, que por incrível que pareça, segundo a mitologia, de personalidade zombateira e sarcástica, fora expulso do Olímpo - morada dos deuses- porque ele ridicularizava as outros divindades, tinha isso por diversão.Quer melhor representante que esse, zombador e sarcástico? Pois bem, terça-feira foi o dia que nossos corpos pegaram fogo, entramos no apogeu da nossa carne, sentimos esse calor contagiante do carnaval em nossas veias, pra Quarta-feira, amanhecemos em cinzas de tanto queimarmos. Bem vindo a realidade: compromissos, trabalhos, dívidas... a vida leitor. Temos de encarar.
Afinal, não somos a Mulher Maravilha pra fugir com o Super-men.