quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

1 ano de Clichê.

Há um ano, sem nada para fazer e na depressão de fim de ano que insiste em me perturbar, buscava de forma obsessiva alguma coisa para ler nos blogs que seguia. E já sob influência do meu desconcerto mental, pensei: "Por que não eu, escrever um blog?" Resumidamente foi assim que surgiu o Clichê Social.
E no decorrer deste ano, mantive o blog com meus pensamentos mais insanos e opiniões um tanto não agradáveis. Confesso, sou um completo alienado! E para aquele que acompanha o blog não discordará de tal afirmação. E quando me perguntam a origem das loucuras que escrevo, eu respondo: só penso por mim mesmo. E essa simples ideia de "pensar por mim mesmo", que de simples não tem nada, tem sido uma das motivações que me orientaram até então. Obtive, evidentemente, elogios e muitas, mas muitas críticas! E não foram poucas.
E das muitas conclusões que acredito que tenhas sobre mim, leitor, julgo ser uma das primeiras, se não a primeira, a ideia de que não sou íntimo com as palavras. E por esse fato, tem sido um desafio a cada postagem, escrever algo que as pessoas se satisfaçam, que façam valer os minutos de tal leitura. Me lembro que em uma das primeiras postagens, assim como muitas que se sucederam, reescrevi várias linhas e ficava, acredite, horas matutando sobre como você reagiria. Afinal, um do anseios de um blogueiro é que seu blog seja lido, comentado e reconhecido e não apenas visitado. Sonhei um pouco de mais. Claro que não obtive todos esses anseios, mas pude desfrutar de alguns. E em uma das críticas que recebi, que dificilmente esquecerei, pois me renderam vários risos, uma pessoa foi um tanto quanto categórica quando leu uma de minhas postagens: "... mais que menino mais lindo da minha vida...". Pensei comigo: "Ai, se realmente pudesse ver a beleza que se esconde por traz dessas linhas...!" Bem, não quero tornar essa postagem uma comédia, por isso, mudemos de assunto!
Por fim, as postagens, como disse acima, mais que desafiar, elas me provam a quão capaz sou de desenvolver um assunto. Estou muito longe da postagem que se define, por sua qualidade, ser plausível ou perfeita. Isso precisa ser restabelecido em nossas vidas, não que eu seja o exemplo divino de tal afirmação, pelo contrario. Temos de nos provar, ir em busca de respostas, quantificar nossa capacidade. Quão intrigante e maravilhado fico quando ouço uma criança de 7 anos perguntar para seu pai se a lua é feito de queijo. Quão preocupado e atemorizado fico quando ouço um adulto não dar a mínima para uma dúvida, seja ela mais singela ou até mesmo ridícula quando comparada aos mistérios que rodeiam o inconsciente de uma criança de 7 anos acerca da lua. Falo, leitor, que temos que reavivar nosso instinto para a dúvida e para o questionamento das verdades definidas. E é isso que tenho feito até aqui, ao menos espero estar fazendo.
Aos elogios sou grato, por me proporcionem uma boa noite de sono. E as críticas, tenho minha eterna dívida por terem me dado o lisonjeiro de saborear esse banquete que só a descoberta me proporciona. Por que... "Bom mesmo é ir a luta com determinação, abraçar a vida com paixão, perder com classe e vencer com ousadia, porque o mundo pertence a quem se atreve e a vida é muito para ser insignificante".

sábado, 24 de dezembro de 2011

Contradições do Natal.

Pois é, nem o Natal escapou! Por onde olhamos vemos a mão do interesse, a força motriz que nos move. O bônus e ônus. Mas teria interesse o Natal, festa tão pura e ingênua?
Primeiramente a Igreja, em busca da conquista e arrebatamento das almas, meticulosamente apoderou-se das muitas festas pagãs da época, a Saturnália romana e as festas germânicas do Solstício de Inverno, por exemplo. Transformou-as então em uma festa cristã. Logo eles, incansavelmente condenados pela "Santa Igreja", os pagãos. É do frade Johann Tetzel a frase "assim que a moeda cai no cofre cai, a alma do purgatório sai". Não sei não, mas sinto cheiro de interesse! Mas comentários a parte, a Igreja reiniciou assim a História do Natal, dedicando-a originalmente ao nascimento de Cristo. Originalmente!
O tempo passou e junto dele o poder transformador da humanidade alterou o rumo natural das coisas, visando contudo o já citado interesse. Não foi diferente com o advento da industrialização e toda sua prole, na qual o mesmo interesse ainda norteava suas ações. E, assim como a Igreja, os magnatas industriais, visando seu sagrado lucro, usaram o singelo Natal a seu favor. Mas com um detalhe: substituíram o Cristo católico (que mais parece um ator hollywoodiano) pela figura carismática do bom e velho Papai Noel. Por trás da figura ingênua de um velhinho com barba branca, vestes vermelhas e sorriso acolhedor que ganhou rapidamente a simpatia das pessoas (puro marketing), se esconde mais uma vez ele, o interesse pelo polarizador das diferenças sociais, o dinheiro.
Provavelmente está a me chamar de energúmeno, chato ou desprezível por criticar até mesmo ele, o Natal, tempo de paz e amor! Olhe pela sua janela, leitor, mas olhe além do que os olhos lhe proporcionam, ou melhor ainda, saia de sua casa para olhar, para sentir e compreender a realidade. E tenha certeza de que as luzes natalinas, por mais reluzentes e esplendorosas que sejam não são capazes de esconder a escuridão, o vazio e a deterioração de muitas e muitas pessoas desprezadas, descartadas e esquecidas, as legítimas almas dos subúrbios. Mas lembre-se que para enxergá-las deve ir além dos enfeites natalinos, além da árvore de Natal que é o seu reduto, onde se escondem daquilo que denominamos como belo e estético.
Realmente o Natal é contraditório. Crianças dormem felizes na esperança de encontrar seu desejado e merecido presente. Algumas acordam felizes e saltitante. E ai daquelas que acordam e encontram o nada do nada! E além disso são obrigadas a acreditar que ano que vem o bom velhinho se lembrará.
Lembrar, coisa que falta hoje em dia. Nos lembramos que o Natal é tempo de reflexão dos nossos atos, tempo para abrimos mão de nossa frieza as diferenças que nos rodeiam e abraçarmos as pessoas mais próximas, nos contagiarmos com esse espírito, o puro espírito natalino. Blá blá blá. Quem dera todo esse significado do Natal fosse lembrados todos os dias onde prevalece em sua maioria a insensibilidade e o desamor.
Mas chega de lamentações e choradeira. Façamos de 2012 aquilo que a regra nos diz, sejamos bonzinhos com os pais, respeitáveis com os mais velhos, façamos sem rancor as lições de casa e ai, quem sabe, os benevolentes olhos do bom velhinho caiam sobre nossa graça. Olha mais uma vez ele aqui, o interesse: fazer coisas boas para ganhar presente. Pouco de chantagem, não? Dentre essas e outras, afinal, vamos e venhamos, cada um tem o Papai Noel que merece!

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Tamanho não é documento.

Quem disse que tamanho é documento? Prova viva, ou melhor, falecida no último fim de semana é a figura do "Grande Líder" Kim Jong-il. Mitificado pelo seu povo, Kim logo em seu nascimento abalava os pilares históricos. Afinal, não é sempre que alguém nasce marcado por um "duplo arco-íris e uma estrela brilhante no céu". Ironias à parte, a estapafúrdia comoção da morte do líder norte-coreano por parte da população é questionável.
Como em muitos momentos históricos, o culto a personalidade mostro-se ser uma arma poderosa e eficaz no controle populacional. O líder perfeito, justo e até mesmo divino de tempos em tempos dão as caras aqui ou ali. São muitos os exemplos que eu poderia citar da onda Nacionalista do século passado, entre eles, a figura carimbada de Adolf Hitler que usou maciçamente a propaganda para manifestar sua ideologia. O culto era tanto ao Führer que horas antes da queda de Berlim, Josef Goebbels, Ministro da Propaganda Nazista de Hitler junto com sua mulher, Magda, mataram seus seis filhos, visto que para eles não valeria a pena que as crianças vivessem num mundo sem o nacional-socialismo. Aqui no Brasil temos o exemplo de Getúlio Vargas que também usou do discurso persuasivo e construiu a imagem do líder bondoso e ideal para o país, tendo como consequência o Estado Novo. E vale lembrar que Getúlio teve grande apoio populacional, em sua maioria a classe média e baixa.
Não muito diferente dos outros, é inquestionável que sistema patriarcal norte-coreano uso ferrenhamente de  táticas populistas. Mas afinal, qual o verdadeiro motivo para essa choradeira histérica da população? Teria o "Grande Líder" tanto poder assim?
Países ditos "defensores da democracia", ONG´s defensoras dos Direitos Humanos entre demais entidades e instituições são categóricos: as pessoas estão sendo aterrorizadas pelo medo imposto pelo Estado. Essa é uma das hipóteses que explicam o desespero desenfreado das pessoas. É claro que não podemos negar e está mais que provado que muitos dos Direitos Humanos são feridos em um país fechado como a Coréia do Norte, com destaque para a liberdade de livre opinião duramente reprimida. Por outro lado, uma outra hipótese plausível é de que esse choro demonstre uma dor real, uma dor verdadeira. Seria isso possível? Amar alguém que controlou o país por 17 anos rigorosamente sem economizar austeridade?
Das muitas perguntas jogadas a todo esse marasmo, uma destaco, afinal, "Quem não é controlado?" Somos bombardeados diariamente com padrões sociais dito ideais, dos mais variados. Os comercias de cerveja, por exemplo nos mostram modelos com corpos bonitos e sarados, interpretados por nossa mente como perfeitos, como objetivo a ser alcançado. E confesso, leitor, dentre essas pessoas que pensam assim, sou o primeiro. E afirmo que provavelmente pensas assim também. Isso não seria controle? Imposto e estabelecido, sim, incontestavelmente isso é controle. E este é apenas um dos muitos que correm em nossa sociedade.
Talvez esteja me chamando de louco e sano, por comparar um regime ditatorial com uma simples peculiaridade estética de um comercial de TV. Mas por mais grande ou pequeno que isso seja, ambos são formas de controlar, afinal, o já mencionado controle se apresenta de várias formas, das mais variadas facetas, algumas vistas como "boas"-os belos corpos do comercial- e outros como "ruins"- o brutal sistema político norte-coreano. Interessante observação é que por um lado os tais defensores dos Direitos Humanos aos gritos, não poupam ataques à Coréia do Norte e,  por outro, os mesmos se mantém oclusos aos países ocidentais, onde os tais Direitos Humanos são feridos tanto quanto na Coréia do Norte. A não ser que pense, leitor, que Direitos Humanos se limitam simplesmente ao pleno direito de liberdade de expressão. Isso sem mencionarmos os polêmicos artefatos nucleares tão reprimidos e criticados, gerando ondas e ondas de indignação e medo quando o país em questão é a Coréia do Norte. Mas quando se falam, por exemplo, das ogivas nucleares Norte-americanas, bem... prefiro não comentar! Afinal, são poucos os comentários ou quase nenhum que se fazem dos "mocinhos norte-americanos".
E agora poderíamos dizer que sim? Que é possível que o choro coreano seja uma dor real? Mas oras, em que acreditar? Parafraseando Fernando Pessoa: "O poeta é um fingidor. Finge tão completamente. Que chega a fingir que é dor. A dor que deveras sente".