quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Tamanho não é documento.

Quem disse que tamanho é documento? Prova viva, ou melhor, falecida no último fim de semana é a figura do "Grande Líder" Kim Jong-il. Mitificado pelo seu povo, Kim logo em seu nascimento abalava os pilares históricos. Afinal, não é sempre que alguém nasce marcado por um "duplo arco-íris e uma estrela brilhante no céu". Ironias à parte, a estapafúrdia comoção da morte do líder norte-coreano por parte da população é questionável.
Como em muitos momentos históricos, o culto a personalidade mostro-se ser uma arma poderosa e eficaz no controle populacional. O líder perfeito, justo e até mesmo divino de tempos em tempos dão as caras aqui ou ali. São muitos os exemplos que eu poderia citar da onda Nacionalista do século passado, entre eles, a figura carimbada de Adolf Hitler que usou maciçamente a propaganda para manifestar sua ideologia. O culto era tanto ao Führer que horas antes da queda de Berlim, Josef Goebbels, Ministro da Propaganda Nazista de Hitler junto com sua mulher, Magda, mataram seus seis filhos, visto que para eles não valeria a pena que as crianças vivessem num mundo sem o nacional-socialismo. Aqui no Brasil temos o exemplo de Getúlio Vargas que também usou do discurso persuasivo e construiu a imagem do líder bondoso e ideal para o país, tendo como consequência o Estado Novo. E vale lembrar que Getúlio teve grande apoio populacional, em sua maioria a classe média e baixa.
Não muito diferente dos outros, é inquestionável que sistema patriarcal norte-coreano uso ferrenhamente de  táticas populistas. Mas afinal, qual o verdadeiro motivo para essa choradeira histérica da população? Teria o "Grande Líder" tanto poder assim?
Países ditos "defensores da democracia", ONG´s defensoras dos Direitos Humanos entre demais entidades e instituições são categóricos: as pessoas estão sendo aterrorizadas pelo medo imposto pelo Estado. Essa é uma das hipóteses que explicam o desespero desenfreado das pessoas. É claro que não podemos negar e está mais que provado que muitos dos Direitos Humanos são feridos em um país fechado como a Coréia do Norte, com destaque para a liberdade de livre opinião duramente reprimida. Por outro lado, uma outra hipótese plausível é de que esse choro demonstre uma dor real, uma dor verdadeira. Seria isso possível? Amar alguém que controlou o país por 17 anos rigorosamente sem economizar austeridade?
Das muitas perguntas jogadas a todo esse marasmo, uma destaco, afinal, "Quem não é controlado?" Somos bombardeados diariamente com padrões sociais dito ideais, dos mais variados. Os comercias de cerveja, por exemplo nos mostram modelos com corpos bonitos e sarados, interpretados por nossa mente como perfeitos, como objetivo a ser alcançado. E confesso, leitor, dentre essas pessoas que pensam assim, sou o primeiro. E afirmo que provavelmente pensas assim também. Isso não seria controle? Imposto e estabelecido, sim, incontestavelmente isso é controle. E este é apenas um dos muitos que correm em nossa sociedade.
Talvez esteja me chamando de louco e sano, por comparar um regime ditatorial com uma simples peculiaridade estética de um comercial de TV. Mas por mais grande ou pequeno que isso seja, ambos são formas de controlar, afinal, o já mencionado controle se apresenta de várias formas, das mais variadas facetas, algumas vistas como "boas"-os belos corpos do comercial- e outros como "ruins"- o brutal sistema político norte-coreano. Interessante observação é que por um lado os tais defensores dos Direitos Humanos aos gritos, não poupam ataques à Coréia do Norte e,  por outro, os mesmos se mantém oclusos aos países ocidentais, onde os tais Direitos Humanos são feridos tanto quanto na Coréia do Norte. A não ser que pense, leitor, que Direitos Humanos se limitam simplesmente ao pleno direito de liberdade de expressão. Isso sem mencionarmos os polêmicos artefatos nucleares tão reprimidos e criticados, gerando ondas e ondas de indignação e medo quando o país em questão é a Coréia do Norte. Mas quando se falam, por exemplo, das ogivas nucleares Norte-americanas, bem... prefiro não comentar! Afinal, são poucos os comentários ou quase nenhum que se fazem dos "mocinhos norte-americanos".
E agora poderíamos dizer que sim? Que é possível que o choro coreano seja uma dor real? Mas oras, em que acreditar? Parafraseando Fernando Pessoa: "O poeta é um fingidor. Finge tão completamente. Que chega a fingir que é dor. A dor que deveras sente".

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