terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Mascara virtual.

Ontem, 24 de Janeiro, o Papa Bento XVI apresentou uma mensagem especial para o 45º Dia Mundial das Comunicações Sociais, que será celebrado em 5 de Junho, com o tema:"Verdade, anúncio e autenticidade de vida na era digital." Em resumo, o pontífice deixa claro o papel dos meios de comunicação da era digital, o papel assumido por ela, o modo que a utilizamos e a criação de perfis falsos.
Analisando o dia-a-dia social, podemos ver claramente a substituição de pessoas por maquinas. Escolhemos escutar o som de um computador, que se torna insuportável com o tempo de uso, do que um som natural agradável em nosso derredor, escolhemos sentir o calor do computador ligado por horas, do que sentir um caloroso abraço de um amigo, preferimos viver uma vida virtual, e esquecermos a nossa vida real. Isso sem falar que até sexo deixamos de fazer naturalmente e optamos pelo sexo virtual. Saudades do tempo em que o coração acelerava de ver o carteiro chegando e parava na expectativa ao abrir uma carta, louca pra lê-la; agora lemos e-mail, um clique aqui, outro ali e pronto. Álbum de família não existe mais, pra isso que existe programas de edição de fotos, oras.
Seria isso a criação controlando o criador? A criação de perfis no mundo digital nos fez esquecer o mundo real em que vivemos. No mundo digital tudo somos, tudo podemos: homem ou mulher, feio ou bonito, loiro ou moreno, aqui somos o que queremos ser. Muitos de nossos perfis digitais não passam aquilo que realmente somos. Deixamos de lado nossa vida social, nossos familiares e amigos e alimentamos o nosso falso-eu virtual. A Internet é uma releitura do espelho; no espelho vemos o que realmente somos, no espelho virtual, a Internet, moldamos como sonhamos em ser.
Com o tempo pude notar que essa nova forma de interação com o mundo, com a sociedade, nos tornou apáticos, perdemos a afetividade com o próximo. Poderia isso ser uma boa explicação para o mundo em que vivemos: nos tornamos indiferentes em relação a espécie, nos alimentamos com o sadismo e insignificância do outro e nos envaidecemos por sermos "únicos". Todos esses devaneios sociais fotografam o mundo atual: morte, fome e guerra de uns,  glória, fartura e alegria de outros. Ah, mascaras virtuais!
Os perfis virtuais são um dos caminhos que encontramos para nos escondermos da realidade que nos cerca. Os perfis virtuais são vendas em nossos olhos para cegarmos aquilo que não queremos ver, os perfis virtuais são musica, para não escutarmos o grito que ecoa la fora. Portanto, revejamos nossos papéis social, não deixemos que esse grande espetáculo que é a vida se estrague com papéis de atores medíocres que somos. Não poderia deixar de revelar o clichê, como sempre, depende mim e você leitor, depende de nós. Ainda há tempo de concertamos, antes que as cortinas do tempo se fechem e o espetáculo fique qualificado como horrendo.E assim caminha a humanidade. Vamos ao espetáculo.
Luz, câmara, Ação!

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Fomos pego de surpresa.

Não é de hoje que o estado do Rio de Janeiro vem sentido a força destrutiva da natureza ou os resultados da indiferença do homem para com o próximo. O que aconteceu na região serrana do Rio de Janeiro é produto de diversos fatores que a anos vem se acumulando, variando desde a ocupação desenfreada de regiões inapropriadas à falta de planejamento de políticas de prevenção. Em 1967 uma catastrófe devastou uma região do Rio, outra em 1981, assim sucessivamente; então Janeiro de 2010, agora Janeiro de 2011. Está mais do que claro para nós, pobres seres humanos, que somos incapazes de conter a fúria da natureza e mais claro ainda o sentimento de repugnância, apatia e frieza por parte de nós mesmo, quando se trata de vidas alheias. Para muito que lerem isso agora irão me chamar de dissoluto, indecente, dizendo todas essa bobagens, todas essas infâmias. Como alguém pode nos chamar de frio, de repugnante depois de todos os esforços para arrecadarmos alimentos, roupas e remédios, depois de toda solidariedade e união em prol dos que necessitam, depois de fazermos o possível e impossível para ajudar, depois de tudo, venho eu aqui dizer que somos indiferentes ao próximo? Sim, somos.
Do que adianta agora construirmos toda essa corrente solidaria, todo esse sentimento contagiante de caridade? Como dizem, não adianta chorarmos pelo leite derramado, neste caso, não adianta chorarmos pelo morro desmoronado! "Fomos pego de surpresa?!" Está aqui uma prova desse indiferença que alimentamos. Como alguém pode ter a cara de pau de dizer que fomos pego de surpresa, depois de ano após  ano, de morte após morte, falarmos que fomos pego de surpresa?
É ridículo falarmos que sentimos na pele a dor dos que tiveram suas casas levadas pela lama, famílias inteiras soterradas, que sabemos o que é cavar com as próprias mãos em busca de seus filhos, pais e amigos, que imaginamos o que é estar no lugar dessas pessoas, passando pelos mesmos problemas que eles. Você sente realmente o que é estar no lugar dessas pessoas? Sente mesmo o que é ser soterrado? Não.
Os moradores dessa região não pediram alimentos ou remédios, não pediram ajuda nenhuma porque eles não pediram para serem soterrados, eles não pediram para serem levados morro abaixo, não pediram para morrer. Moradores esses que sabem do perigo mas são obrigados a se instalar em lugares inóspitos, para proporcionar dignidade a suas famílias, e até isso é tirado delas: dignidade. A foto ao lado mostra um cão que não abandonou sua dona mesmo depois de estar morta e se olhar o detalhe da foto, mais covas abertas para outros que virão. Cenário de guerra, cenário de abandono. Escolas onde eram pra se formar futuros pensadores da sociedade agora servem de necrotério, servem de refúgio para desabrigados.
Até quando seremos pego de surpresa, até quando seremos literalmente jogados na lama, até quando? A ordem agora é reconstruir, recomeçar tudo de novo, porque Janeiro de 2012 está logo ali no fim do túnel ou o começo da mediocridade e ignorância do homem. Como disse Albert Einstein: "Duas coisas são infinitas: o universo e a estupidez humana. Mas, no que respeita ao universo, ainda não adquiri a certeza absoluta". Algo me diz que ele estava certo... e você?

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

De lá pra cá... um ano depois.

A nada menos que um ano, haitianos não esperavam a devastação que estava por vir, mais uma para variar; alguns dormiriam ricos - que por sinal são poucos-, e acordariam pobres, outros dormiriam vivos e acordariam mortos (ironicamente). De lá pra cá, se é que podia piorar, um grande contingente de pessoas se instalaram em calçadas a merçe da própria sorte. País marcado por conflitos civis e políticos, marcas da incessante busca de poder e status de uma minoria. Calcula-se mais de 1 milhão espalhados pelas ruas e para diminuirmos o choque emocional chamamos de "acampamento de desabrigados". Não vejo diferenças significativas da expressão desabrigados com mendigos. Mendigos, sim! ou quem sabe preferimos chamar de vagabundos, ou sem-tetos, ou até mesmo no politicamente correto de "moradores de rua", tantos outros adjetivos sórdidos. Situação essa no Haiti não se difere no Brasil.
No Haiti terremotos abalam casas e destroem vidas, aqui terremotos abalam os pilares da nossa jovem democracia, terremoto esse que destrói a vil esperança, que destroi os pilares da sociedade, a base da pirâmide, os pobre meu caro. Terremoto esse que é maquiado por nossa consciência, que julgamos essas pessoas como desfavorecidas, que apaziguamos nossos fragéis sentimentos como culpa do governo, ou até mesmo por ironia divina e como sempre, saimos incólumes.
Assim como no Haiti, no Brasil vozes clamam no deserto, sedentos de dignidade e uma oportunidade, talentos jogados ao relento das noites. Exemplo desses talentos reprimidos é o americano Ted Williams, com a poderosa voz descoberto por acaso. Até quando continuaremos a desprezar nossos semelhantes, a movermos mundos e fundos por um animal em extinção machucado e olharmos com frieza a mão que estende sobre nós pedindo mais que esmolas, pedindo ajuda. De uma coisa estou certo: a caridade, a sensibilidade, os valores morais estão apagados, estão reprimidos se não extintos. Um ano após o terremoto no Haiti, pessoas esperam nossa ajuda, após noites e noites refugiados dos perigos da noite, mendigos pedem nossa ajuda. Pedem!.Quem sabe se clamarmos e intercedermos mais a Deus, ele resolva sair de sua magnitude e fazer algo por nós, pobres filhos pecadores, ou quem sabe mais ainda: tomarmos vergonha na cara!
Ah os clichês sociais.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

E elas tomam o poder.

Nos últimos anos foi crescente o contingente de mulheres que desempenharam papel importante na sociedade, muitas delas responsáveis por rumos que marcaram significativamente a sociedade moderna. Tempos da imortal heroína Joana d'Arc, combatente francesa, condenada a morte por heresia; Maria Quitéria (Joana d'Arc brasileira) que disfarçará-se de homem para alistar-se no exército; Indira Gandhi, Primeira Ministra da Índia, brilhante pensadora política e estrategista, até ser assassinada. Dentre estes e outros grandes exemplos que poderíamos citar, nenhuma se destaca atualmente como Dilma Rousseff, Primeira Presidente brasileira.
Dilma Rousseff pode ser vista como a consolidação definitiva no Brasil do novo papel assumido pela mulher contemporânea; foi o tempo em que a mulher só servirá para procriação e servidão à seus maridos. Mulher hoje tem o mesmo tom de voz que o homem -sem falar quando não mandam.
A chegada de Dilma no poder traz consigo votos de profundas mudanças na forma de governar um pais regido por homens; a esperança depositada em Dilma é que ela governe com pulsos firmes de uma estadista e a sensibilidade e de uma mulher. A partir de hoje conheceremos a verdadeira Dilma Rousseff: nada melhor que dar poder nas mãos de um ser-humano para vermos realmente sua face. Não venho aqui afirmar que todo esse tempo Dilma veio agindo descaradamente da falsidade para chegar ao poder, venho sim afirmar categoricamente que Dilma, acima de tudo é um ser-humano, como qualquer um, dotado de ideologias, erros e acertos.
Dilma é por si mesma a representação do desejo brasileiro, a sede por mudança, um basta à fadiga monótona que assola por tantas décadas nosso país. Em suma, Dilma é o desejo de renovação.
Pena que o brasileiro é um povo efêmero, logo logo todo esse sonho irá se apagar. Apagará sim um sonho, mas não as consequências de nossos atos. O que resta a nós?a conhecida e boa velha esperança. Afinal: "o que fazemos em vida, ecoará pela eternidade".