terça-feira, 11 de janeiro de 2011

De lá pra cá... um ano depois.

A nada menos que um ano, haitianos não esperavam a devastação que estava por vir, mais uma para variar; alguns dormiriam ricos - que por sinal são poucos-, e acordariam pobres, outros dormiriam vivos e acordariam mortos (ironicamente). De lá pra cá, se é que podia piorar, um grande contingente de pessoas se instalaram em calçadas a merçe da própria sorte. País marcado por conflitos civis e políticos, marcas da incessante busca de poder e status de uma minoria. Calcula-se mais de 1 milhão espalhados pelas ruas e para diminuirmos o choque emocional chamamos de "acampamento de desabrigados". Não vejo diferenças significativas da expressão desabrigados com mendigos. Mendigos, sim! ou quem sabe preferimos chamar de vagabundos, ou sem-tetos, ou até mesmo no politicamente correto de "moradores de rua", tantos outros adjetivos sórdidos. Situação essa no Haiti não se difere no Brasil.
No Haiti terremotos abalam casas e destroem vidas, aqui terremotos abalam os pilares da nossa jovem democracia, terremoto esse que destrói a vil esperança, que destroi os pilares da sociedade, a base da pirâmide, os pobre meu caro. Terremoto esse que é maquiado por nossa consciência, que julgamos essas pessoas como desfavorecidas, que apaziguamos nossos fragéis sentimentos como culpa do governo, ou até mesmo por ironia divina e como sempre, saimos incólumes.
Assim como no Haiti, no Brasil vozes clamam no deserto, sedentos de dignidade e uma oportunidade, talentos jogados ao relento das noites. Exemplo desses talentos reprimidos é o americano Ted Williams, com a poderosa voz descoberto por acaso. Até quando continuaremos a desprezar nossos semelhantes, a movermos mundos e fundos por um animal em extinção machucado e olharmos com frieza a mão que estende sobre nós pedindo mais que esmolas, pedindo ajuda. De uma coisa estou certo: a caridade, a sensibilidade, os valores morais estão apagados, estão reprimidos se não extintos. Um ano após o terremoto no Haiti, pessoas esperam nossa ajuda, após noites e noites refugiados dos perigos da noite, mendigos pedem nossa ajuda. Pedem!.Quem sabe se clamarmos e intercedermos mais a Deus, ele resolva sair de sua magnitude e fazer algo por nós, pobres filhos pecadores, ou quem sabe mais ainda: tomarmos vergonha na cara!
Ah os clichês sociais.

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