quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Nossa própria prisão.

"Não julgueis, pois, para não serdes julgado" é o que adoramos dizer as pessoas, na tentativa de mostrar, em vão, nossa retidão. Papo furado! Seja hoje ou amanhã, daremos nosso parecer a um acontecimento, um fato em si, que é natural, em nossa condição humana, manifestamos nossa opinião segundo nossa razão que infelizmente anda em falta. Pois bem: somos de modo geral "juízes" de problemas alheios, de certa forma, buscamos nos isentar do sentimento de culpa, afinal, "pimenta nos olhos dos outros é refresco". Uma mãe em desespero rouba um pote de manteiga, para saciar a fome de seu filho de 2 anos; "Estou-lhe roubando senhor", disse um ladrão educado nos Estados Unidos, um senhor de 65 anos que rouba US$ 300 para pagar contas e alimentar os filhos; ou ainda o mito, a lenda, a proeza de nossos imaculados e "Genuínos" políticos, o inesquecível (mas que ninguém mais se lembra) caso dos Dólares na cueca. Você, caro leitor, sendo o juiz da corte, qual seria seu veredicto a cada caso que apresentei? regime semi-aberto, prisão perpétua...? Não sabe? Pois bem: a mãe que roubou um pote de manteiga foi condenada a 4 anos de prisão, o ladrão educado foi detido nessa Segunda-feira em Seattle, EUA e os dólares na cueca, suponho eu que foram usados como papel higiênico e seu feitor é tratado como doutor. Sente a atmosfera que somos de certa forma obrigados a conviver, sente esse oxigênio que comprime nossos pulmões?
Não afirmo aqui que furtar um pote de manteiga, roubar um caixa de uma loja ou ainda colocar dólares na cueca seja um ato plausível, afirmo sim que furtos e roubos seja de pequena ou grande escala, como os exemplo citados, mostram por si mesmo nossa pequenez, seja na necessidade de uma mãe em alimentar um filho com fome ou a a soberba de ter mais alguns zeros em sua conta no banco ( de preferência em dólares).
De certo modo, caracterizado de violência, todas essas ações, que ferem o senso, que classificamos como certo ou errado, são consequências do fracasso, do desespero, violência é a ultima saída para conseguir o que necessitamos, em suma, para nossa sobrevivência, no caso da manteiga ou o bem-estar, no caso dos dólares.
Violência não é uma ação desesperada, é uma reação, muitas delas até inocentes, movidas por nossos instintos naturais de sobrevivência, é uma resposta ao descontentamento da realidade que criamos, seja no desemprego, pobreza ou até mesmo nossa cara de pau, na qual espalhamos a cultura da fraude, da vantagem ilícita, os famosos 171. Temos uma ferramenta em comum, conquistada por luta em busca nossa sede descontrolada de direitos; direitos aqui, direitos ali, direito lá, em todo lugar. Só queremos nosso direito, já nossos deveres, ah!,  isso ninguém sabe, ninguém viu. Sempre tem um otário que se encarrega dele, bem ali, logo atrás, na fila de nossos interesses pessoais, no qual, logicamente sempre estamos em primeiro lugar. Enquanto, o presidente do Senado, José Sarney discute com a vice-presidente, Senadora Marta Suplicy se chamam de presidente ou presidenta ao se referir à Dilma Rousseff ( no qual ambos estão corretos), estamos vivendo, ou sobrevivendo às indiferenças. E já que falei de política, parabenizo, finalmente um verdadeiro representante do povo, palhaço Tiririca, que demonstra nossa verdadeira face, a de palhaços. Assim, pais e mães desesperados sendo presos por pequenos furtos e políticos rindo de vento e popa estamos a mercê de nossa própria prisão.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Faraós do século XXI.

Nos primórdios da História, desde que o Egito é Egito, fora surgindo em meio ao deserto, lugar que nos parece inóspito para a vida e nas margens do grande Nilo uma civilização descomunal, eu diria, para o período histórico que se encontravam; história essa escrita por muitas linhas de sangue e o sofrimento da maioria - que novidade! Também desde que o Homem é dado como tal, não me surpreende mais o desmesurado desejo de poder que alimentamos, a incessante tentativa de deixarmos nossas marcas na linha do tempo, nos tornarmos imortais aos olhos da sociedade, movidas por nossa vanglória, nossa pura vaidade. E conseguiram. Quem nunca ficou em estado de hipnose, admirando as grandes pirâmide de Gizé, ou ainda a imponente Esfinge a milênios adormecida em sono profundo? Ah quem diga, como forma de vulgarizar o sofrimento de milhares de homens por traz dessas obras, que tudo isso não passa de obra alienígena. Aproveitando o censo humorístico, textos e livros apresentam o Egito de hoje como uma república. Alto lá!. É mais que irônico isso, se pesquisarmos o significado de república encontramos o seguinte: "coisa pública" chefe de estado é eleito pelos cidadãos, tendo a sua chefia uma duração limitada, através do voto livre secreto. Satírico isso não?
A série de manifestações ocorridas no Egito comprovam a desfaçatez da república regente no país. Atos de desobediência civil sim, mas também atos de obediência e submissão a a seus direitos, à seus valores morais e cívicos. Não há muitas novidades: inflação, censura a liberdade de expressão, corrupção, em suma, estado de excessão. Isso é uma pequena parcela do problema; tem sujeira debaixo do tapete, já era de se espera, a quase 30 anos no poder, Hosni Mubarak não tem mostrado habito de asseio público, de asseio social. O inenarrável defensor da soberania, da ordem pública, paz mundial, da liberdade e livre expressão popular, eles mesmo, leitor, os Estados Unidos da América vem a algum tempo por trás das cortinas - como sempre -, apoiando o regime de Muraback. Os clamores da população abalaram essa aliança de Washington e Cairo e agora o que fazer, sair dessa leve brisa regida entre os dois países ou entrar na calorosa revolta popular? Não importa qual seja a escolha, o importante é que no final desse filme, os Estados Unidos saia como o mocinho de toda a trama, seja aclamado e desejado pelas donzelas, seja o sonho o o desejo de todos os rapazes, vencer o vilão e beijar a mocinha no final. Sem esquecer, é claro, da Grande Muralha da China, a sim, ela mesma!. Nada passa por ela. Os noticiários estão sendo censurados para não despertar o desejo popular chinês ( que já existe) por mudanças em sua política. Hoje está em queda as eminentes pirâmides, amanhã quem sabe a inefável muralha da China.
Ah milênios éramos governados por imperadores, reis,rainhas, entre outros, pouca coisa mudou, só estamos presenciando a queda de um Faraó do século XXI.