terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Faraós do século XXI.

Nos primórdios da História, desde que o Egito é Egito, fora surgindo em meio ao deserto, lugar que nos parece inóspito para a vida e nas margens do grande Nilo uma civilização descomunal, eu diria, para o período histórico que se encontravam; história essa escrita por muitas linhas de sangue e o sofrimento da maioria - que novidade! Também desde que o Homem é dado como tal, não me surpreende mais o desmesurado desejo de poder que alimentamos, a incessante tentativa de deixarmos nossas marcas na linha do tempo, nos tornarmos imortais aos olhos da sociedade, movidas por nossa vanglória, nossa pura vaidade. E conseguiram. Quem nunca ficou em estado de hipnose, admirando as grandes pirâmide de Gizé, ou ainda a imponente Esfinge a milênios adormecida em sono profundo? Ah quem diga, como forma de vulgarizar o sofrimento de milhares de homens por traz dessas obras, que tudo isso não passa de obra alienígena. Aproveitando o censo humorístico, textos e livros apresentam o Egito de hoje como uma república. Alto lá!. É mais que irônico isso, se pesquisarmos o significado de república encontramos o seguinte: "coisa pública" chefe de estado é eleito pelos cidadãos, tendo a sua chefia uma duração limitada, através do voto livre secreto. Satírico isso não?
A série de manifestações ocorridas no Egito comprovam a desfaçatez da república regente no país. Atos de desobediência civil sim, mas também atos de obediência e submissão a a seus direitos, à seus valores morais e cívicos. Não há muitas novidades: inflação, censura a liberdade de expressão, corrupção, em suma, estado de excessão. Isso é uma pequena parcela do problema; tem sujeira debaixo do tapete, já era de se espera, a quase 30 anos no poder, Hosni Mubarak não tem mostrado habito de asseio público, de asseio social. O inenarrável defensor da soberania, da ordem pública, paz mundial, da liberdade e livre expressão popular, eles mesmo, leitor, os Estados Unidos da América vem a algum tempo por trás das cortinas - como sempre -, apoiando o regime de Muraback. Os clamores da população abalaram essa aliança de Washington e Cairo e agora o que fazer, sair dessa leve brisa regida entre os dois países ou entrar na calorosa revolta popular? Não importa qual seja a escolha, o importante é que no final desse filme, os Estados Unidos saia como o mocinho de toda a trama, seja aclamado e desejado pelas donzelas, seja o sonho o o desejo de todos os rapazes, vencer o vilão e beijar a mocinha no final. Sem esquecer, é claro, da Grande Muralha da China, a sim, ela mesma!. Nada passa por ela. Os noticiários estão sendo censurados para não despertar o desejo popular chinês ( que já existe) por mudanças em sua política. Hoje está em queda as eminentes pirâmides, amanhã quem sabe a inefável muralha da China.
Ah milênios éramos governados por imperadores, reis,rainhas, entre outros, pouca coisa mudou, só estamos presenciando a queda de um Faraó do século XXI.

Nenhum comentário:

Postar um comentário