sábado, 24 de dezembro de 2011

Contradições do Natal.

Pois é, nem o Natal escapou! Por onde olhamos vemos a mão do interesse, a força motriz que nos move. O bônus e ônus. Mas teria interesse o Natal, festa tão pura e ingênua?
Primeiramente a Igreja, em busca da conquista e arrebatamento das almas, meticulosamente apoderou-se das muitas festas pagãs da época, a Saturnália romana e as festas germânicas do Solstício de Inverno, por exemplo. Transformou-as então em uma festa cristã. Logo eles, incansavelmente condenados pela "Santa Igreja", os pagãos. É do frade Johann Tetzel a frase "assim que a moeda cai no cofre cai, a alma do purgatório sai". Não sei não, mas sinto cheiro de interesse! Mas comentários a parte, a Igreja reiniciou assim a História do Natal, dedicando-a originalmente ao nascimento de Cristo. Originalmente!
O tempo passou e junto dele o poder transformador da humanidade alterou o rumo natural das coisas, visando contudo o já citado interesse. Não foi diferente com o advento da industrialização e toda sua prole, na qual o mesmo interesse ainda norteava suas ações. E, assim como a Igreja, os magnatas industriais, visando seu sagrado lucro, usaram o singelo Natal a seu favor. Mas com um detalhe: substituíram o Cristo católico (que mais parece um ator hollywoodiano) pela figura carismática do bom e velho Papai Noel. Por trás da figura ingênua de um velhinho com barba branca, vestes vermelhas e sorriso acolhedor que ganhou rapidamente a simpatia das pessoas (puro marketing), se esconde mais uma vez ele, o interesse pelo polarizador das diferenças sociais, o dinheiro.
Provavelmente está a me chamar de energúmeno, chato ou desprezível por criticar até mesmo ele, o Natal, tempo de paz e amor! Olhe pela sua janela, leitor, mas olhe além do que os olhos lhe proporcionam, ou melhor ainda, saia de sua casa para olhar, para sentir e compreender a realidade. E tenha certeza de que as luzes natalinas, por mais reluzentes e esplendorosas que sejam não são capazes de esconder a escuridão, o vazio e a deterioração de muitas e muitas pessoas desprezadas, descartadas e esquecidas, as legítimas almas dos subúrbios. Mas lembre-se que para enxergá-las deve ir além dos enfeites natalinos, além da árvore de Natal que é o seu reduto, onde se escondem daquilo que denominamos como belo e estético.
Realmente o Natal é contraditório. Crianças dormem felizes na esperança de encontrar seu desejado e merecido presente. Algumas acordam felizes e saltitante. E ai daquelas que acordam e encontram o nada do nada! E além disso são obrigadas a acreditar que ano que vem o bom velhinho se lembrará.
Lembrar, coisa que falta hoje em dia. Nos lembramos que o Natal é tempo de reflexão dos nossos atos, tempo para abrimos mão de nossa frieza as diferenças que nos rodeiam e abraçarmos as pessoas mais próximas, nos contagiarmos com esse espírito, o puro espírito natalino. Blá blá blá. Quem dera todo esse significado do Natal fosse lembrados todos os dias onde prevalece em sua maioria a insensibilidade e o desamor.
Mas chega de lamentações e choradeira. Façamos de 2012 aquilo que a regra nos diz, sejamos bonzinhos com os pais, respeitáveis com os mais velhos, façamos sem rancor as lições de casa e ai, quem sabe, os benevolentes olhos do bom velhinho caiam sobre nossa graça. Olha mais uma vez ele aqui, o interesse: fazer coisas boas para ganhar presente. Pouco de chantagem, não? Dentre essas e outras, afinal, vamos e venhamos, cada um tem o Papai Noel que merece!

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