quinta-feira, 7 de abril de 2011

Bicho Homem.

Mais uma vez a tão prestigiada "Cidade Maravilhosa" deixou marcas hoje no riquíssimo histórico criminal; derramamento de sangue, destruição de famílias e entre outros mais que o Rio de Janeiro vem sofrendo. Mas dessa vez algo diferente, se assim podemos dizer, nos trouxe o sentimento de repúdio e inconformismo quanto as atrocidades do homem para com o seu semelhante. Talvez pelo fato de fugir ao nosso padrão cultural, fiquemos estarrecidos ao depararmos com uma verdadeira chacina.
Wellington Menezes de Oliveira, 23 anos, entrou na escola municipal Tasso da Silveira no Realengo, zona oeste do Rio, para o que ele chamou de uma palestra em comemoração aos 40 anos da unidade. Sem menos esperar, sacou sua arma e atirou, provocando a morte de pelo menos 11 crianças e muito feridos, segundo informações atualizadas. Pois bem: deixemos de lado os números e estatísticas. Agora eu pergunto a mim mesmo, ironicamente, o que são algumas dezenas de crianças mortas, se compararmos as tantas que estão para morrer nos próximos minutos, horas, dias, enfim, em todo território brasileiro, quantas dezenas de "brasileirinhos" como disse a presidente Dilma, estão prestes a perder um futuro? Esqueçamos novamente de dados, e passemos a refletir em quanto sangue esta sendo derramado em todo país. Claro que o fato ocorrido no Rio hoje nos deixa estupefados, uma vez a escola que tem por finalidade a formação de futuros cidadãos, tornar-se drasticamente em um palco de tragédia grega. Isso nos causa todo esse sentimento humanitário, crianças indefesas, vendo suas vidas e de seus colegas sendo tiradas, ao mesmo tempo. Agora se fosse por exemplo 11 crianças em eventos separados, independente do lugar, sendo mortas, será que isso chamaria a atenção em massa, as redes sociais, meios de comunicação, enfim, será que nos causaria esse sentimento? Sim, é "normal", satiricamente dizendo, crianças morrerem em meio a grande criminalidade que encontra nosso país, que não é um evento isolado, uma vez que a criminalidade existe em todas as sociedades. Ora, você se pergunta, mas disso eu já sei, que existe criminalidade em todo o mundo. Sim, indelevelmente existe, mas eu reafirmo aqui para deixarmos claro que isso não é exclusividade brasileiro, como muitos pensam. Casos assim não fogem dessa mesma dita "normalidade" nos Estados Unidos por exemplo, que eu poderia perder aqui horas e horas citando exemplos.
Agora a conversa é diferente, aconteceu aqui em meio a nossa cidades. Será que absorveremos com tanta intensidade um possível segundo acontecimento parecido como esse?
De uma coisa estamos certos, e que em mim, particularmente me deixa remansoso é esse sentimento humanitário que contagia o brasileiro nesses momentos de socorro, assistência e amparo aos que precisam. Isso nos humaniza, literalmente é um tapa na cara, que nos mostra a nossa condição de igualdade e fragilidade, ela mesma, que tanto cito aqui: a condição humana.
Em carta deixada pelo autor do crime, ele mostrou um certo descontrole, até mesmo uma certa insanidade movidas por conspecto de doutrinas religiosas, no caso o islamismo. Ele via "impureza nas crianças", " não poderia ser tocado por fornicadores", deixou uma casa no qual ele quer que seja usado por " pessoas generosas que cuidam de animais abandonados", afirmou também ser portador de HIV. Está claro para nós que eles estava descontrolado. Entre essas e outras, vale lembrar que o presidente da Comissão de Ética da União Nacional das entidades Islâmicas do Brasil, Jihad Hassan Hammad, não reconheceu a relação de Wellington com o Islamismo e que o "Alcorão diz que aqueles que tiram a vida de inocentes é como se estivesse assassinando toda a humanidade" e que o "islamismo não aceita extremismos". Mas não podemos negar o fanatismo de certas pessoas, falando da religião como um todo, no qual são capazes de matar em nome de seu deus.
Para o sargento Marcio Alvez que atirou na perna de Wellington, impedindo que ele fosse para outras salas de aula, vê essa situação como dever cumprido. Para nós que assistimos vemos como um ato insano de covardia sem explicações.
Primata bípede, do gênero Homo, família Hominidae, mamífero e blá blá blá. Não conhece? Pois eu te apresento ao bicho homem. Que preza antes de mais nada seus interesses e ideologias pessoais, nem que seja preciso matar, roubar, de certa forma manipular os seus semelhantes. Este é o bicho homem. Bicho, como você leu. Não sei se poderia colocar aqui a "principal" característica  que nos distingue de outros animais, além das características morfológicas. Falo da razão, do raciocínio. Isso anda em falta hoje.
Aproveitando essa linha de pensamento, quanto as características da evolução biológica do homem, termino com a frase de Mário Quintana; " O que me impressiona, à vista de um macaco, não é que ele tenha sido nosso passado, é este pressentimento de que ele venha ser nosso futuro".

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