domingo, 22 de maio de 2011

Canibais.

Ontem, moradores da região central de São Paulo puderam ouvir palavras claras e objetivas: "Hei, polícia, maconha é uma delícia!". Não, não, você não leu errado não! E mais, não é coisa de brasileiro, como muitas julgam. São palavras de um movimento internacional, sim: a Marcha Mundial da Maconha.
Iniciada em 1998 pelo ativista Dana Beal, propõe a mobilização em favor da liberação do uso da maconha, para consumo pessoal e fins medicinais. Uma proposta polêmica ou mais um tema que insistimos em dificultar? De um lado jovens, precursores do futuro, representantes da continuidade da espécie blábláblá. De outro, conservadores, defensores dos valores, que para muitos desses jovens futuristas, não passam de pessoas de ideias atrasadas, paradas no tempo. Vamos aos argumentos.
Sou a favor. Que problema há no uso de uma simples planta, presente na natureza? Se fosse tão mal assim para a vida, como insistimos em vê-lá, a maconha já teria sido instinto à tempos. Quão bom é poder esquecer dos problemas corriqueiros e adentrarmos no universo de felicidade e alegria que o "baseado" nos proporciona. Felicidade essa ilusória, uma vez que o efeito alucinógeno não dura a vida toda. Alucinógeno, o próprio nome nos remete as condições reais. Mas não é isso que buscamos? Um caminho rápido e certeiro para esquecermos por algumas horas de nossos problemas? Mais fácil pegar uma "brisa" do que ganhar na loteria. Outra, pense no imposto que o governo arrecadaria com grandes quantias da erva em circulação. Traria benefícios a muitos. O estado nadando em dinheiro, a população espalhando felicidade. Como dizia Bob Marley, um defensor do uso da maconha: "Para que levar a vida tão a sério, se a vida é uma alucinante aventura da qual jamais sairemos vivos", ou ainda: "Fume maconha e não cigarros, pois neurônios você tem milhões, mas pulmões você tem só dois" Por isso os jovens gritam: "Hei, polícia, maconha é uma delícia!"
Sou contra. Vejam só, já temos legalizado muitas drogas que circulam livremente em nossa sociedade de cigarro à álcool, agora querem a maconha? Um pai vendo o filho saindo a noite com os amigos, teme o pior. Três palavras resumem o mundo lá fora: sexo, drogas e rock´n´roll. Imaginem só na esquina da sua casa uma barraca de drogas, "Três pedras por dez reais". Filho, filho, vai la pra sua mãe e compra seis pedrinhas, mas peça desconto! Ou ainda no jornal, imaginem Willian Bonner dizendo: "O mercado hoje fechou em baixa de 0,5%, a maconha teve leve alta de 2%"... Palhaçada? Querem legalizar mais uma droga, querem transformar a vida, literalmente, em uma droga? Droga de vida, droga de tudo! Onde estão os valores, os defensores da moral? Querem ver mais mães acorrentando seus filhos como cachorros da cadeira, querem ver seus filhos roubando sua própria casa? Gritos de socorro correm na velocidade do som, 340 m/s. Será que alguém consegue alcançar tamanha velocidade? Será que alguém consegue acabar com tal problema? Não basta termos livres na sociedade "canibais", agora querem liberar a "cannabis"? Façam-me o favor!
Os dois lados são complexos, pró e contra mostram suas faces. Engraçado por exemplo, que as pessoas a favor da liberação, ao invés de saírem nas ruas exigindo melhores condições de vida, de escolas à atendimento em hospital público de qualidade, saem as ruas exigindo ainda mais droga. Mais engraçado ainda por exemplo, que as pessoas contra a liberação pouco comentam com seus filhos sobre isso e preferem que os mesmos aprendam sobre drogas com seus professores, com cartazes coloridos, dizendo não as drogas, frases maravilhosas aplaudidas em pé, coisas superficiais, que estão muito, mas muito longe da realidade. Por outro lado é inegável o prazer proporcionado pela maconha, mais inevitável ainda os males que ela traz consigo. A história é a mesma, o clichê tão conhecido por todos, a tecla que sempre bato aqui: o preço da nossa liberdade, o preço das nossas escolhas. Ninguém é obrigado a consumir drogas. Ela legalizada ou não, cabe a você leitor, o direito de consumi-la ou não. Existem temas mais relevantes para discutirmos, problemas sociais que deixariam esse assunto a esmo. Falo de pessoas passando fome por exemplo. Mas que isso importa? Vivemos mundo de ufanismo, da política do pão e circo. Afinal a sociedade é canibal, estamos matando a nós mesmos e como diz a música: "a gente não quer só comida, a gente quer comida, diversão, arte" e "drogas!"
O site para quem se interessar: http://marchadamaconha.org

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