quarta-feira, 23 de março de 2011

Somos a rocha.

Alguns dias antes da chegada do presidente americano Barack Obama ao Brasil, já formulava algumas deduções quanto aos seus discursos. Não tive tanta surpresa. O Povo -  isso mesmo, com P maiúsculo- como de costume fora aclamado, exaltado, colocado nos mais altos patamares globais, como de costume, afinal, não é esse um de nosso desejos mais profundos? O desejo do reconhecimento, o sentimento da vanglória. Ah, hormônio poderoso e afamado que circula por nossas veias!. O brasileiro mais uma vez ouviu o que queria ouvir, bebeu desse vinho chamado ego. Mas não estamos bêbado não. Sim, ele mesmo, considerado o homem mais poderoso do mundo, acariciou nossas cabeças, andou por nossas ruas, subiu o morro de nossas favelas, sim ele mesmo. Nos encheu de mimos e afagos, nós que adoramos bater no peito, na raça e bradar aos quatro ventos com a fúria de um leão ao som da mais harmoniosa sinfonia "Eu sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor"( normalmente falamos isso em copas do mundo ou seja, de quatro em quatro anos).
Foram momentos históricos: o primeiro presidente negro Norte-americano e a primeira mulher presidente do Brasil, ambos figuras simbólicas de renovação ideológica, que por força de aclamação social tornaram-se ambos, puras estratégias de marketing, que por sua vez são de incontestável importância, uma vez que são a alma do negócio, a propaganda do produto que vendemos.
Tenho a leve impressão que o Brasil cheira ouro negro la fora, cheira petróleo puro, ou ainda eles sintam o doce caldo da cana-de-açúcar, ou aquele leve frescor do álcool em contato com nossa pele, que me lembra etanol. Seria isso um pequeno delírio do meu pensamento leitor?
É indiscutível, por mais cético que sejamos, o novo cenário global, nas diversas questões políticas e econômicas a presença brasileira nas opiniões e decisões. Estamos ganhando destaque nos palcos mundo a fora, o que foi um dia país-colônia, um território onde imperou uma sociedade escravocrata, uma população que em 1964 viu sua voz calada, seus direitos reprimidos pela ditadura, hoje se ergue como a sétima economia global, hoje se mostra uma nação-superação. "O Brasil é a bola da vez", pena que não é uma bola de futebol, tirávamos de letra, mas fazermos o que.
Em suma, a visita de Barack Obama pode sim ser vista como um reconhecimento desse novo Brasil, mas também, é claro, movida por interesses diplomáticos. Mas afinal o que trouxe Obama ao Brasil? Eu, buscando uma resposta objetiva que sintetizasse essa pergunta, encontrei alguns dizeres que até agora foram os mais cabíveis. " O maior medo de um rei é de perder a sua coroa". Vamos e venhamos, Estados Unidos já perderam seu trono, e o Brasil com isso? Somos a rocha, para uma possível edificação segura dos novos muros Norte-americanos.

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