domingo, 12 de junho de 2011

Carreira Promissora.

Suponho que todos se lembram do estudante Felipe Ramos de Paiva, morto no campus da USP mês passado. Pois não é que para a nossa surpresa e alegria Irlan Santiago, um dos participantes do crime, saiu pela porta da frente da DHPP(Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa) e mais: rindo. Bandido cavar túnel é coisa do passado, agora eles saem é pela porta da frente. Afinal, é alguma surpresa ou alegria o fato ocorrido? Surpresa eu não diria, mas alegria, isso nos causa e muita. Vai dizer que você não ri quando se depara com uma notícia dessa espécie. Afinal, do que não rimos?
Agora essa, para cairmos na gargalhada geral, o advogado do criminoso, Jeferson Badan usou da "ética profissional do bandido" como um argumento de defesa. Sim, não sabia? Bandido tem sindicato que defende seus interesses trabalhistas, greves por melhores condições de trabalho, carteira de trabalho assinada. Bandido se machucou? Não é problema, ele é assegurado do INSS, oras. Mil e uma ferramentas para o bandido que age dentro da legalidade. Sim, legalidade! Esse mercado promete, não?
É claro, não poderia deixar de lado a "ética" mencionada pelo advogado. Segundo o mesmo, todo bandido, assim como toda "profissão", tem sua ética. Bandido não entrega bandido. Diria que isso é um exemplo de honestidade, em falta na sociedade, bandido não entregar bandido. Maravilha! E no mais: a mesma lei que nos protege é a mesma que nos atira, escarradamente, aos perigos da sociedade. Irlan Santiago não está em liberdade por simples súplicas as autoridades ou outra coisa qualquer; ele está em liberdade por ter se apresentado espontâneamente. Segundo a polícia ele é um simples réu primário, mas para a sociedade convicta de seus valores morais ele é um assassino em potencial, circulando livremente entre nós. Claro que em aspectos e condições naturais todos somos propensos à criminalidade, de um roubo qualquer a um assassinato. O que determina sermos isso ou aquilo cabe a nossas faculdades mentais, conceitos e ideologias. Porém, isso, ao meu ver, não justifica sua liberdade uma vez que confessou em interrogatório participação do crime. Para alguns, Irlan é a vítima da indiferença e desigualdade que percorre nosso pais, tendo como saída o crime. Mas mesmo assim, novamente, isso não justifica seus atos. Pouco que reparei nele, percebi que ele tem dois pés e duas mãos e em ótimo estado. Um bom começo, concorda?
E o que cabe as declarações do advogado, fora repudiado, não só pelo presidente da Ordem dos Advogados em São Paulo, Luiz Flávio Borges D`Urso, mas também pela sociedade, a mídia em geral. Mas fica nisso, como sempre. Talvez daqui a 10 anos ele receba seu julgamento, assim como aconteceu com Pimenta Neves. Afinal, "se ele tivesse ficado na dele, tranquilo, sem reagir, ele não teria tomado bala". Enquanto falta-nos fôlego para gargalhadas sarcásticas, sobram lágrimas e dor a família de mais uma vítima da indiferença. Que venha a próximo, como há de vir, só espero que não seja você!

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