quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Silêncio corrosivo.

Diz uma sábia frase que "um tolo calado torna-se sábio". Mas, tolo seria eu em querer creditar tais sábias palavras à atitude desempenhada pela presidente Dilma em viagem a Cuba. Ou melhor, a sua falta de atitude. Não obstante do ex-presidente Lula, Dilma preferiu o silêncio quando questionada sobre os direitos humanos da ilha caribenha. Concordemos que não compete ao Brasil intervir nos assuntos internos de Cuba. Porém, tal constatação é injustificável ao silêncio corrosivo de uma líder de um país que adota como direito pétreo a livre opinião. E aliás, creio que antes de ser presidente, Dilma como cidadã em sua sanidade não abnegaria de tal direito. E vale lembrarmos que no discurso de posse, Dilma foi categórica em dizer que prefere o barulho da imprensa do que o silêncio da ditadura.
Em entrevista, a presidente declarou que "não é possível fazer da política de direitos humanos apenas arma de combate político e ideológico". Em vista disso me pergunto, o que resta então para os dissidentes cubanos? Que armas eles dispõem? Ou direitos humanos, ou greve de fome. O que seria de minha pele se mantivesse um blog como esse em Cuba? Nem quero saber. Contudo, não é difícil presumir se analisarmos a "blogueira cega" Yoani Sánchez que mantém desde 2007, de forma, digamos, ilegal, o blog Generación Y, onde denuncia de forma direta não o "socialismos", nem o "comunismo" e sim o "capitalismo militar" cubano. Ela sim, faz dos direitos humanos sua arma contra o regime decadente de Cuba, ao contrário de muitos outros dissidentes que escolheram a greve de fome e ganharam de brinde a morte. O mais recente é Wilman Villar, que segundo o governo de Cuba era um criminoso comum, condenado por violência doméstica. Há também um outro dizer questionável da presidente: "Quem atira a primeira pedra tem telhado de vidro. Nós, no Brasil, temos os nosso". Memorável a sinceridade da presidente em reconhecer o retrógrado e moderno sistema político brasileiro.
Em contrapartida onde o silêncio corroí de um lado, de outro, o barulho desnecessário das eleições primárias da corrida presidencial norte-americana se torna ensurdecedor. Candidados de olho no cargo "mais importante do mundo" não vêem outra saída a não ser partir para acusações de baixeza repugnante, o que descaracteriza o objetivo inicial de qualquer política regrada em hábitos e condutas que atendam de forma universal às necessidades da população. Por outro lado, não deixam de ser bem recebidas pelo público. Afinal, duas coisas que a população adoram: festa e barraco. E vamos e venhamos, no quesito barraco, os pré-candidatos estão indo nada mal em troca de acusações! E enquanto o bate boca é geral, o bom moço e marketeiro Barack Obama já adianta alguns passos nessa calorosa disputa.
Problema para todos os lados! Mas todos esses questionamentos são pormenores se comparados a dúvida primordial brasileira: Luiza está ou não está no canadá?
Para quem se interessar: www.desdecuba.com/generaciony

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